De acordo com o avançado pela agência Lusa, 25 farmácias que aderiram ao projeto para realização de testes rápidos de antigénio à covid-19 comparticipados, decidiram sair devido a problemas informáticos que dificultam o trabalho dos profissionais.
A noticia foi dada pelo presidente da secção regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos (OF), Luís Lourenço.
Este indicou que os farmacêuticos foram “apanhados de surpresa” quando foi comunicado, no passado dia 30 de junho, que tinha sido criado o regime especial de comparticipação dos testes rápidos de antigénio (TRAg) para uso profissional realizados em farmácia comunitária, e que este entrava em vigor no dia seguinte.
“Os farmacêuticos foram apanhados de surpresa porque não foram informados dessa intenção, o que fez com que, infelizmente, até ao dia de hoje, haja algumas limitações do ponto de vista de sistema informático, que esperemos que sejam ultrapassados, para ser possível a faturação deste serviço e a sua comparticipação pelo Serviço Nacional de Saúde”, afirmou Luís Lourenço.
Até ao momento, os farmacêuticos estão a usar uma minuta para recolher informação do utente, enquanto não se consegue ultrapassar a “barreira informática” no sistema usado pelas farmácias, disponibilizado pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.
“Não sendo possível a sua faturação neste momento, mas a acreditar que o poderão fazer no futuro, estão a recolher os dados dos utentes a quem já estão a fazer o teste”, explicou Luís Lourenço.
Sem possibilidades de confirmar se o utente é elegível para a comparticipação dos testes, a minuta serve para que este assuma “sobre o compromisso de honra” essa elegibilidade.
Luís Lourenço diz que com esta situação há “um risco muito grande” dos farmacêuticos estarem “a realizar inadvertidamente algum teste” a um utente elegível.
A juntar aos problemas informáticos, há também uma carga burocrática e administrativa mais elevada para os farmacêuticos.
“A cada teste realizado numa farmácia, o farmacêutico tem de despender aproximadamente 15 minutos, o que acaba por ser um período bastante elevado, considerando que as farmácias vão continuar a realizar a sua função de dispensa de medicamentos e aconselhamentos sobre a utilização dos mesmos e também a realização de testes bioquímicos”, explicou Luís Lourenço.
Aliás, devido a estas dificuldades informáticas, muitos farmacêuticos já pediram há duas semanas um registo no SINAVE (Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica) para registar os resultados dos testes, que é obrigatório, mas ainda não conseguiram.
Tendo em conta todas estas dificuldades, “a carga tremenda que têm”, 25 farmácias, das 183 farmácias que a Ordem dos Farmacêuticos tem o reporte de estarem inscritas, optaram por sair do projeto, indicou o responsável da OF.
“É preciso entender o que é o dia-a-dia de um farmacêutico numa farmácia, que está assoberbado de trabalho e não consegue dar resposta. Os telefonemas são infindáveis, as abordagens no balcão também são inúmeras”, explicou.
Luis Lourenço terminou indicando à agência Lusa, que acredita que o número de farmácias poderá “aumentar exponencialmente se houver um desbloquear do registo nos organismos oficiais”.