33 diretores e coordenadores demitem-se na Madeira, mas Governo não aceita decisão 1086

Demitiram-se 33 diretores e coordenadores de unidades do Serviço Regional de Saúde da Madeira (SESARAM). Esta medida foi tomada contra a tomada de posse do médico Mário Pereira, ex-deputado do CDS-PP, como diretor clínico da instituição.

O anúncio foi feito após uma reunião na Ordem dos Médicos, que se realizou no Funchal.

“Os diretores de serviços e coordenadores de unidade abaixo-assinados, perante o desenvolvimento do processo que parece conduzir à nomeação do diretor clínico do SESARAM através de um percurso em nada adequado aos estatutos reguladores da instituição, afirmam-se pela decisão em apresentar a demissão dos cargos em que estão empossados”, revelou à Lusa o cardiologista António Drumond Freitas.

Os demissionários representam 66% dos diretores e coordenadores, ou seja, 33 médicos de um total de cerca de 50.

“Esta é uma tomada de posição perante a nomeação de uma pessoa que está adstrita aos partidos [o XIII Governo Regional é uma coligação formada pelo PSD/CDS e, ao abrigo do acordo de governo assinado por aqueles partidos, o cargo de diretor clínico seria entregue a um representante do CDS]”, indicou António Drumond Freitas.

No fim da reunião, os médicos lembraram que a legislação que regula o SESARAM estabelece que o diretor clínico é nomeado pelo secretário regional da Saúde sob proposta do Conselho de Administração da instituição de entre os médicos que trabalham nesta entidade, reconhecido pelo seu mérito e experiência profissional, o que não é o caso.

Governo da Madeira não aceita demissões

Entretanto, o secretário regional da Saúde da Madeira já avançou que a tutela não aceita a demissão dos 33 diretores e coordenadores de serviço do Serviço Regional de Saúde.

“A tutela não vai aceitar as demissões, em princípio. Eu não mudo de opinião de um dia para outro, mas aceito que haja colegas que tenham opiniões diferentes”, disse Pedro Ramos, à margem da conferência “Nascer para uma região sustentável”, no Funchal.

“Na base do diálogo, vou encetar uma série de conversações com esses responsáveis, fazendo-lhes ver que ainda temos muita coisa para fazer pela Saúde da Região Autónoma da Madeira”, sublinhou em declaraçõs à Lusa.

“Não mudei de opinião em relação a cada um deles. São diretores de serviço que já conheço há muitos anos. Estou há 30 anos no Serviço Regional de Saúde, tenho o máximo respeito por eles e é com eles que pretendo construir um novo Sistema Regional da Saúde da região”, declarou.