Foram cerca de 3,4 milhões os utentes que nos últimos 12 meses não conseguiram comprar todos os medicamentos prescritos, devido a falhas no fornecimento, obrigando quase metade a recorrer ao médico e mais de 300 mil a suspender o tratamento. Quem o afirma é a Associação Nacional das Farmácias (ANF), e os resultados advém do estudo feito pelo Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR).
Na maioria dos casos (55%) não foi confirmada a disponibilidade dos fármacos para entrega posterior ao doente. Só em 13,5% das situações foi possível garantir o medicamento em menos de 12 horas. Em média, cada doente precisou de três horas e 25 minutos, e quase três idas a uma farmácia, a tentar aviar a receita completa.
O estudo do CEFAR mostra também que o recurso às consultas suplementares para alterar a prescrição gerou custos mais elevados para o sistema de saúde e para a população. Os cálculos feitos indicam encargos de 35,3 a 43,8 milhões de euros para o sistema e de 2,1 a 4,4 milhões de euros para os doentes.
E as farmácias comunitárias também foram prejudicadas pelas falhas de abastecimento. Um estabelecimento de média dimensão terá sofrido um impacto direto de cerca de 2.500 euros por semana, ou seja, de dez mil euros a cada mês.
Esta indisponibilidade deve-se, na maioria dos casos, a ruptura de stock (59,6%) — indisponibilidade do medicamento pelos fornecedores —, mas também devido a stocks em falta, situações em que não é possível aceder ao medicamento até um período máximo de 12 horas.
O estudo teve por base 22 mil questionários respondidos por utentes e 1110 aplicados a colaboradores de farmácias.