A inteligência artificial (IA) está a ganhar terreno entre as empresas portuguesas, indica um novo estudo independente da consultora Strand Partners, encomendado pela Amazon Web Services (AWS).
Em fevereiro de 2024, a Fase 1 desta investigação destacou que o aumento da adoção de IA e outras tecnologias digitais poderia impulsionar significativamente a economia portuguesa, desbloqueando 61 mil milhões de euros até 2030. Agora, a Fase 2 deste estudo revelou um aumento significativo (22%) na adoção da tecnologia de IA em Portugal, com 57% das empresas nacionais a utilizarem consistentemente pelo menos uma ferramenta de inteligência artificial.
Aumento da eficiência
O estudo, como explicado em comunicado, que ouviu 1.500 líderes empresariais portugueses, traça um quadro otimista do futuro da IA no país. Uma das suas principais conclusões revela que 70% – um número muito elevado de empresas – indica estar familiarizada com esta tecnologia, e utiliza, pelo menos, uma ferramenta de IA.
Em Portugal, os benefícios da adoção de IA parecem claros. Entre as empresas que implementaram esta tecnologia, 51% relatam um aumento de eficiência; 38% sentem-se mais apoiadas na tomada de decisões e 34% identificam melhorias significativas na experiência do cliente. Estes números demonstram um impacto positivo e multifacetado da IA, bem como a identificação de vantagens, significativas, na produtividade, eficiência e competitividade das empresas portuguesas.
O exemplo da Ascendi
Um exemplo de uma empresa local que já está a implementar esta tecnologia de IA é a Ascendi. Esta empresa portuguesa de gestão de ativos, que presta serviços de cobrança de portagens e gere a operação e manutenção de infraestruturas rodoviárias, está a adotar tecnologia de IA e GenAI da AWS para melhorar a inteligência dos chatbots e automatizar as interações com os clientes. A Ascendi está a agilizar os procedimentos de resposta aos clientes com o apoio de uma ferramenta de inteligência artificial que analisa e resume as comunicações escritas com os mesmos.
Adoção de IA por setores
A percentagem de empresas que acredita que a IA vai transformar os seus setores nos próximos cinco anos subiu 23 pontos percentuais, entre 2022 e 2023, situando-se agora nos 87%. E 35% preveem, mesmo, que a IA mude fundamentalmente a forma como o seu setor opera. Mas, neste momento, o impacto da IA no desempenho das empresas já é visível. O serviço e apoio ao cliente (30%), a deteção e prevenção de fraudes (29%) e a análise financeira e negociação (27%) são as principais áreas onde as empresas portuguesas recorrem à utilização de ferramentas de IA.
O estudo destaca, contudo, diferenças significativas na adoção de IA entre as indústrias locais. Os serviços financeiros (78%), a indústria (66%) e as TI e Telecomunicações (65%), aparecem como setores líderes neste processo. Já o setor da saúde é o que apresenta uma taxa mais baixa de adoção de IA (52%).
A forma como a IA é aplicada entre as indústrias líderes também difere, refletindo as necessidades específicas de cada setor. Os serviços financeiros, por exemplo, destacam-se na utilização de IA para deteção de fraudes, enquanto o setor da indústria se concentra mais na criação de conteúdos. Em geral, todos os setores relatam melhorias de eficiência, e as empresas portuguesas indicam que utilizam ferramentas de IA em áreas como o serviço ao cliente, a gestão de recursos humanos, a análise preditiva e a automação de processos.
Escassez de talento qualificado
Num cenário em que as competências digitais se tornam cada vez mais cruciais para o sucesso empresarial, a cibersegurança lidera a lista de qualificações mais valorizadas pelas empresas – 30% a consideram-na prioritária, seguida de perto pela computação na cloud (27%) e pela IA generativa (26%).
Os resultados da segunda fase deste estudo destacam que 84% das empresas inquiridas consideraram as competências digitais importantes para as suas operações, e 27% afirmaram mesmo que não poderiam funcionar sem elas. No entanto, 32% revelam dificuldade em recrutar pessoas para trabalhar com IA e relatam que, em média, o processo de recrutamento de profissionais com competências digitais é muito demorado, e que se estende por quase cinco meses.
Como resultado, 76% das organizações em Portugal afirmam que estão disponíveis para pagar salários mais altos a candidatos com formação em IA.
Cerca de 69% das empresas indica que, como consequência da dificuldade em recrutar, sentiu um aumento direto nos custos operacionais; mais de um terço das organizações (36%) viram-se obrigadas a adiar a adoção de novas tecnologias, e outro terço (33%) enfrentou obstáculos na implementação eficaz das tecnologias já existentes.