Maria do Céu Machado afirma que os 64 milhões de embalagens em falta que referidos pelo Observatório da Associação Nacional de Farmácias «não são reais» e declara não compreender qual a metodologia usada. Quanto às dificuldades e insolvências de várias unidades, a presidente disse ter dificuldade em compreender estas informações.
Cerca de 150 farmácias fecharam no ano passado em Portugal mas foram autorizadas a abrir 200 novas, o que representa um saldo positivo de 50 farmácias, segundo dados oficiais revelados esta quarta-feira pelo INFARMED, avança o “Observador” numa notícia.
Maria do Céu Machado, esteve na comissão parlamentar de Saúde a ser ouvida a pedido do BE sobre as faltas de medicamentos registadas nas farmácias no ano passado.
Maria do Céu Machado deixou ainda o alerta de que o INFARMED necessita «com urgência» de mais recursos humanos, sendo necessário reforçar a sua atividade inspetiva. Já estão em curso pedidos de contratação de colaboradores.
«Precisamos com urgência de ter mais meios e alguma liberdade para fazer contratações individuais de trabalho. [Nalguns casos] Nem que sejam contratos temporários», notou em declarações aos deputados, explicando ainda que sendo o INFARMED um instituto com receitas próprias, tal não iria representar um encargo adicional para a função pública.
Segundo a responsável, não se trata apenas de «falta de recursos humanos», mas também de muitos técnicos superiores terem um «trabalho muito mal pago para a responsabilidade que têm». Há técnicos diferenciados a fazer avaliações fármaco-económicas, que trabalham há sete ou há 10 anos no INFARMED, e que levam para casa vencimentos de 900 euros.
Quanto a falhas de medicamentos nas farmácias, a presidente do INFARMED defende que se trata de um problema europeu e até mundial, desmentindo os 64 milhões de embalagens em falta que têm sido referidos pelo Observatório da Associação Nacional de Farmácias.
Segundo dados do INFARMED, no ano passado houve cerca de quatro milhões de falhas e, por isso, considera que «alguma coisa não está bem na metodologia» usada pelo Observatório da ANF. Maria do Céus Machado admite que, com a diminuição das margens das farmácias, os estabelecimentos possam não ter robustez financeira para ter muito “stock” de medicamentos disponíveis.
«Temos de estar atentos às faltas e ruturas, mas temos de perceber exatamente a metodologia e não lançar o alarme na população», explicou. Por exemplo, quanto às faltas reportadas pelo Observatório da Associação Nacional de Farmácias reportadas em fevereiro, o INFARMED garante que «há vários medicamentos equivalentes» para os que estiveram em falha. «Para a maior parte do que é dito que está em rutura há medicamentos alternativos ou genéricos disponíveis», afirma.
As faltas mais preocupantes e que podiam implicar a saúde pública correspondem a 8% de medicamentos, estado todos solucionados, adiantou ainda Maria do Céu Machado.
O INFARMED garante que tem reforçado as suas inspeções, sendo que em média inspeciona num ano 800 farmácias, 150 distribuidores e cerca de 40 fabricantes, estando a este ano a meio destes valores.
Na opinião da presidente do INFARMED, uma farmácia não deve ficar dependente de apenas um distribuidor, explicando que as inspeções feitas pela INFARMED identificaram falhas de medicamentos nalgumas farmácias no mesmo dia em que houve distribuidores a disponibilizarem-se para exportação.
«Isto não é admissível. Não podemos dar autorização de exportação para medicamentos que estão a falhar no mercado português», mencionou, indicando que “alguns aspetos serão imputáveis aos titulares, outros às farmácias e outros aos distribuidores».