7ª edição do Simpósio Científico da SRSRA-OF: farmacêuticos respondem ao desafio das novas terapêuticas 242

A edição de 2023 do Simpósio Científico da Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos (SRSRA-OF), subordinado ao tema “O Futuro Hoje: Novas Terapêuticas Moleculares e Biológicas”, focou-se na inovação terapêutica em áreas clínicas chave: neurologia, oncologia, doenças raras, doenças autoimunes e resistência antimicrobiana.

Muitos destes novos fármacos já estão disponíveis mas, nalguns casos, o acesso ainda é condicionado. Daí o título “O Futuro Hoje (…)”, explicou ao Netfarma Bruno Sepodes, presidente da comissão científica do simpósio, que «temos de gerir melhor esse acesso e tentar entender o que nos está a limitar».

Sendo medicamentos tão complexos, do ponto de vista da qualidade, segurança e eficácia, «o processo de avaliação centralizada traz várias vantagens, a começar pela uniformização da avaliação» e pelo facto de a autorização de introdução no mercado (AIM) ser igual para todos, ou seja, ocorrer ao mesmo tempo, acrescentou.

Haverá sempre situações pontuais e urgentes, nomeadamente associadas às doenças raras mas, de acordo com o também vice-presidente do Comité dos Medicamentos de Uso Humano (CHMP) da Agência Europeia do Medicamento (EMA), Portugal «não está tão mal como se poderá pensar» no que diz respeito ao acesso aos medicamentos inovadores, quando comparado com alguns países europeus onde alguns destes medicamentos ainda nem sequer são comercializados.

As terapêuticas moleculares e biológicas avançadas constituem um campo em acentuada progressão, com um enorme potencial clínico, mas representam um importante desafio para os farmacêuticos, admite Cátia Caneiras, vogal da direção da SRSRA-OF, professora e investigadora na área da Microbiologia e co-chair do comité Statment of Policy on Control of Antimicrobial Resistance da FIP. No simpósio, «optámos por uma perspetiva de largo espectro», justamente para dar «grande visibilidade a múltiplas áreas terapêuticas».

No caso da resistência aos antimicrobianos, por exemplo, a terapia fágica esteve em destaque, não só porque os desafios regulamentares são significativos, mas também porque «é uma área de extrema relevância, que importa não perder de vista como potencial opção terapêutica».

Ainda neste contexto, Cátia Caneiras, focou a sua intervenção no painel sobre “Resistências aos antimicrobianos” nas inovações terapêuticas já disponíveis na Europa e no «desafio acrescido» que representam. «Não tanto por serem medicamentos moleculares ou biológicos mas por terem determinadas especificidades em que o conhecimento molecular da bactéria condiciona as opções clínicas e terapêuticas».

«Existem desafios moleculares associados a esta inovação terapêutica», explica a especialista. Dizer que «o futuro é hoje», faz todo o sentido porque «estes medicamentos já estão disponíveis». Os farmacêuticos, designadamente aqueles que são especializados em Microbiologia e Farmácia Hospitalar, terão de «trabalhar em equipa com os médicos prescritores» para ajudar a salvaguardar a vida dos doentes.