“A ideia de que não gastamos em prevenção é um mito urbano”, declarou Adalberto Campos Fernandes, da ENSP Nova, durante uma sessão plenária, dedicada à inovação e ao seu acesso, do Congresso Nacional dos Farmacêuticos 2024, que decorre, hoje, em Lisboa.
“Só em vacinas gastamos dezenas de milhões de euros”, continuou o ex-ministro da Saúde, acrescentando que “é talvez o ativo mais estratégico em saúde pública para melhorar a proteção das pessoas”.
Adalberto Campos Fernandes questionou ainda se o papel do médico de família, do enfermeiro da família ou do farmacêutico comunitário será “um papel da prevenção?”.
Deste modo, argumentou que “ainda gastamos milhares de milhões de euros [em prevenção]. Portanto, dizer que temos de passar 6% ou 7% para fazer rastreios, com o devido respeito por vossas excelências. Não!”, declarou, explicando que “temos é de aculturar e transformar a população. Temos de ter uma saúde pública muito mais proactiva, que vai às novas comunidades que estão fora do perímetro do sistema de saúde. Temos de dizer às pessoas que a nossa relação com a vida é um contrato a termo certo”.
Neste sentido, Adalberto Campos Fernandes chamou a atenção que um dos desafios de Portugal “é planear a estratégia de oferta de cuidados, quer preventivos quer curativos”, de modo a que “cada um de nós chegue à idade mais avançada, necessitando cada vez menos de dependência farmacoquímica, de meios complementares de diagnóstico e terapêutica, e portanto, de intervenção médica ou farmacêutica”.