Uma das coisas que me deixa triste – e simultaneamente irritado – é a facilidade com que, perante uma ação menos correta de uma empresa ou marca, alguém termina com uma conclusão do tipo: “é a Publicidade”. Quase como se a Publicidade fosse um ente maléfico, cujo único propósito é espalhar o mal pela sociedade. Sejamos diretos: a Publicidade tenta influenciá-lo enquanto consumidor? Claro que sim! Mas os pais também fazem isso aos filhos e não é, por isso, que são elementos perigosos ou pouco recomendáveis. A Publicidade tenta seduzi-lo? Sem dúvida! Como todos nós o fazemos num dos processos mais interessantes da vida de qualquer animal: o cortejamento. E há maus profissionais que tentam usar os conhecimentos que possuem para condicionar o consumidor para lá do eticamente correto? Quase de certeza. É que, tal e qual como em todas as outras profissões, há boas e más pessoas na Publicidade. Mas já alguma vez tinha refletido sobre o facto de as únicas sociedades livres de Publicidade serem aquelas onde o consumidor não pode escolher? Ou seja, se hoje a Publicidade o está a tentar seduzir, influenciar e até condicionar é porque você tem capacidade de dizer sim e não; de escolher. Em suma, tem liberdade! Eu prefiro. João Barros, Professor Convidado na Escola Superior de Comunicação Social e Investigador no Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa |