A vida é uma escolha? 869

Face às extraordinárias e constantes mudanças que caracterizam a época atual, não há dúvida de que quase imediatamente surge a pergunta de como foi possível às empresas conseguirem adaptar-se.

A resposta é que elas acreditaram na marca e souberam consolidar o valor acrescentado que ela representa para o consumidor.

Porque ao contrário do que muitas pessoas parecem fazer crer, as marcas não estão a morrer e os argumentos habitualmente utilizados para justificar este aparente fim – como o sucesso das marcas do distribuidor e a constatação de que as crises económicas fizeram emergir um consumidor com um estilo de vida menos materialista e exibicionista -, não sendo falsos, são artificialmente deterministas nas suas conclusões.

Isto não significa, naturalmente, que todas as marcas possam sobreviver com sucesso. Mas desenganem-se aqueles que acham que as marcas estão condenadas a morrer. Algumas irão com certeza desaparecer, como sempre aconteceu ao longo dos anos, mas isso não quer dizer que deixaram de ter importância.

Afinal, o que temos agora é apenas um consumidor que reflete muito mais no momento das suas compras. Alguém que até fará todas as contas necessárias para comprar o produto mais barato de uma determinada categoria, mas que depois – até usando a poupança efetuada – não deixará de adquirir as suas marcas favoritas em outras áreas. Alguém, por exemplo, que abdicará durantes meses de uma ida ao cinema para depois poder ir a um festival de música. Ou seja, temos e teremos escolhas, porque é disso que é feita a vida; e, curiosamente, também as marcas.

João Barros,
Professor Convidado na Escola Superior de Comunicação Social e Investigador no Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa