A Associação para Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem (AIBILI), sediada em Coimbra, participou ao longo dos seus 35 anos de existência em ensaios clínicos que contribuíram para revolucionar o tratamento de algumas doenças oftalmológicas.
“Os medicamentos em causa revolucionaram o tratamento da retinopatia diabética, nomeadamente no edema macular diabético, da degenerescência macular da idade e glaucoma”, disse, à agência Lusa, a diretora executiva Cecília Martinho.
Criada pelo reputado professor e investigador conimbricense José Cunha-Vaz, a AIBILI é uma instituição privada sem fins lucrativos que completou 35 anos de atividade em setembro, período durante o qual participou em 69 ensaios clínicos que prosseguiram com processo de autorização de introdução de medicamentos no mercado.
Ao longo da sua existência, realizou mais de 220 estudos clínicos, maioritariamente na área da oftalmologia, sendo atualmente responsável pela coordenação da investigação clínica de dois estudos multinacionais com financiamento europeu, nas áreas de retinopatia diabética e degenerescência macular da idade.
Ainda recentemente, chegou ao mercado o Retmarker, uma solução informática, em que os engenheiros e médicos da AIBILI desenvolveram um algoritmo, que depois foi aplicado num software para acompanhar a progressão da retinopatia diabética e da degenerescência degeneração macular da idade.
“Somos um Centro de Tecnologia e Inovação (CTI) do Ministério da Economia, criado para apoiar ou preencher uma lacuna que existia entre os centros de saber, as universidades, onde é adquirido todo o conhecimento, e o mercado”, frisou a diretora executiva.
Cecília Martinho salientou que a AIBILI participa em muita investigação clínica na área da oftalmologia, reconhecida com vários prémios internacionais, que depois acaba por lançar novos medicamentos no mercado, alguns dos quais “estão acessíveis nas farmácias há muito tempo”.
“Fazemos investigação clínica e isso faz parte do processo de lançamento de novos medicamentos, dispositivos médicos ou novos procedimentos para tratamento ou diagnóstico de doenças”, explicou.
Considerando que o centro foi muito inovador em Portugal, numa altura em que pouco se falava de investigação clínica, a diretora executiva afirmou que a investigação clínica já é considerada como estratégica para Portugal, depois de se perceber “que para prestar melhores cuidados de saúde não basta dar boas consultas, tem de se dar formação à equipa e os médicos tem de participar em investigação clínica”.
No entanto, lamentou que a instituição não seja mais “utilizada” por outras entidades nacionais, quando possui um dos seis centros de dados com certificação existente em toda a Europa e único na península Ibérica, que devia ser mais rentabilizado para “ganhar outra dimensão”.
“Nós tentamos pôr-nos ao dispor, porque é essa a nossa função, mas é uma pena termos estas capacidades criadas pelo Ministério da Economia e não serem aproveitadas como deviam e serem utilizadas mais a nível europeu”, referiu Cecília Martinho.
A instituição coordena, a partir de Coimbra, a Rede Europeia de Centros de Investigação Clínica em Oftalmologia (EVICR.net), constituída por 95 centros de 16 países, que como objetivo reforçar a capacidade da União Europeia para estudar doenças oftalmológicas e desenvolver e otimizar a utilização de estratégias de diagnóstico, prevenção e tratamento em oftalmologia.
Localizada no campus da saúde da Universidade de Coimbra, a AIBILI está dividida em cinco centros dedicados a – coordenação de investigação clínica, realização de ensaios clínicos, desenvolvimento de novas tecnologias em medicina, leitura e classificação de imagens oftalmológicas e centro de dados clínicos – e tem atualmente 60 colaboradores a tempo inteiro de várias áreas, que vão desde investigadores, a informáticos e gestores de projetos.