Abraço assinala 22 anos com campanha que alerta para a “nova geração VIH” 775

Abraço assinala 22 anos com campanha que alerta para a “nova geração VIH”
05-Junho-2014

A Abraço lança hoje uma campanha de sensibilização para pais, avós, amigos e familiares de jovens no sentido de os alertar para os cuidados que devem ter para prevenir o VIH/sida, a segunda causa de morte nos adolescentes.

Lançada no dia em que a Abraço assinala o 22.º aniversário, a campanha “Toca a Todos” visa alertar para a “nova geração VIH”, sensibilizando a comunidade para a importância da prevenção do Vírus da Imunodeficiência Humana, mas também desmistificar a doença, minimizar o estigma e a exclusão social.

Em declarações à agência “Lusa”, o presidente da Abraço, Gonçalo Lobo, explicou que o mote da campanha teve como base os últimos dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde, segundo os quais 1,3 milhões de adolescentes morreram em 2012 devido ao VIH/sida, que é já a segunda causa de morte nesta população, sendo a primeira os acidentes rodoviários.

Embora os dados sejam pouco favoráveis e a taxa de prevalência se situar sobretudo na faixa etária entre os 15 e os 17 anos, o número de mortes em adolescentes desceu em 12% a nível mundial, comparando com os dados de 2000.

Para Gonçalo Lobo, estes números têm «duas leituras»: «Por um lado, a medicação já é suficientemente eficaz que consegue fazer com que as crianças nos países subdesenvolvidos consigam atingir o estado de maturidade da adolescência, mas, por outro lado, ainda existe uma grande escassez no acesso à medicação que faz com que as crianças venham a falecer na adolescência».

Em Portugal, a taxa de prevalência mais elevada nos adolescentes é entre os 15 e os 17 anos, refere a associação, sublinhando que «existe uma necessidade cada vez mais emergente em sensibilizar pais, mães, avós, amigos, familiares para alertarem os mais novos para os cuidados que devem ter».

«Estamos a falar de adolescentes que iniciam a sua vida sexual e que, muitas vezes, nunca tiveram uma intervenção precoce no sentido da vivência da sua sexualidade», adiantou Gonçalo Lobo.

«Continuamos a ter raparigas que fazem sexo desprotegido porque não conseguiram dizer que não e continuamos com rapazes que colocam muito a relação na questão da masculinidade, da virilidade e da imposição», sustentou.

Para Gonçalo Lobo, estas questões devem ser trabalhadas desde muito cedo junto das crianças: «Tem se ser explicado o que é a vontade e o desejo de cada um e como nos podemos posicionar relativamente a isso».

Questionado pela “Lusa” sobre se os jovens procuram o apoio da associação para saber quais os comportamentos que devem adotar para uma relação segura, o responsável disse que não.

Apenas recorrem à associação quando estão em «estado de crise, porque tiveram um comportamento de risco ou aconteceu alguma coisa».

«Procuram-nos mais no sentido de os tranquilizarmos», respondendo às suas perguntas, como “Após ter feito isto, qual é o risco que tenho” ou “Informem-me sobre como tudo isto se vai processar”.

A “Toca a Todos”, que vai decorrer na página do Facebook da Abraço, surge como incentivo «à conversa sem tabus sobre a necessidade do uso do preservativo».

A campanha desafia as pessoas a tirar fotografias que mostrem «as diferenças nas relações, como uma senhora idosa com um punk, um negro com um nazi ou um casal homossexual, em que um é asiático e outro é russo», disse Gonçalo Lobo.

«Vamos tentar marcar as diferenças das relações para mostrar que o VIH consegue tocar todas as pessoas e não depende da raça, da idade ou do estilo de vida de cada um», explicou.