O Estágio Curricular representa uma etapa fundamental no percurso académico dos estudantes do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Para muitos, trata-se do primeiro contacto direto com a prática profissional farmacêutica, desempenhando um papel determinante na orientação e decisão quanto ao futuro trajeto profissional do jovem farmacêutico.
Com a profissão farmacêutica em constante evolução, impulsionada por avanços científicos, tecnológicos e mudanças nas necessidades da comunidade, o Ensino Farmacêutico deve acompanhar esse ritmo de transformação.
A crescente relevância da Farmácia Comunitária no panorama da Saúde a nível Europeu tem sido notável, particularmente na promoção da saúde pública e na gestão de doenças crónicas. O relatório “Pharmacy 2030: A Vision for Community Pharmacy in Europe“, do Pharmaceutical Group of the European Union (PGEU), destaca o potencial das farmácias comunitárias na implementação de serviços essenciais, como rastreios de saúde, reconciliação da terapêutica, e campanhas de educação e promoção da saúde. Serviços estes, que são fundamentais na prevenção de problemas de saúde e na gestão de doenças crónicas, áreas que, atualmente, representam uma sobrecarga para os Sistemas de Saúde em toda a Europa.
No entanto, apesar de, ao longo do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, ser facultada uma sólida base teórica, ainda se verifica um desfasamento entre a teoria e a integração de experiências práticas que reflitam os desafios e oportunidades em contexto real, particularmente na vertente de educação e promoção da saúde.
Verifica-se uma oportunidade significativa para que as Instituições de Ensino Superior e os locais de estágio integrem melhor essas dimensões no Estágio Curricular, fornecendo um caminho mais claro daquela que pode ser a contribuição potencial do Farmacêutico na Saúde Pública.
O futuro da Farmácia Comunitária está intrinsecamente ligado à sua capacidade de se adaptar às necessidades emergentes da sociedade, podendo estas desempenhar um papel crucial na redução da carga de doenças crónicas, bem como na educação da comunidade sobre práticas de saúde preventiva. Quando bem estruturado, o Estágio Curricular, pode preparar os jovens farmacêuticos para assumirem essa responsabilidade de forma eficiente e inovadora.
Além disso, o Estágio Curricular deve ser uma plataforma para preparar os estudantes para os desafios do Setor Farmacêutico, devendo espelhar as transformações contínuas do Setor e capacitar os jovens para desempenharem um papel ativo na promoção da Saúde Pública.
É fundamental que o Ensino e a Prática Farmacêutica continuem a evoluir em conjunto, de modo a formar profissionais que, além de competentes, sejam inovadores e prontos para contribuir de forma significativa para a Saúde Pública.
Maria Rita Fonseca
Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF)