O ministro da Saúde entre 2015 e 2018, Adalberto Campos Fernandes, considera que o atual detentor do cargo, o médico Manuel Pizarro, “não tem a força política que se esperava para se impor”.
“Afinal, Manuel Pizarro não tem a força política que se esperava para se impor”. Estas palavras foram proferidas pelo ministro do primeiro Governo de António Costa em entrevista ao jornal Público e à rádio Renascença, como apontar de dedo à “procrastinação” do Executivo face à Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Para Adalberto Campos Fernandes, a inexistência de um estatuto do enquadramento da Direção Executiva, oito meses depois do começo da sua atividade, é “incompreensível”. “Não há razão nenhuma que possa explicar, mesmo a burocracia administrativa ou endogamia burocrática dos governos, que um órgão tão importante que precisa de tomar decisões e precisa de se afirmar perante o próprio estudo do SNS não tenha estatutos”, disse.
Considerou ainda que Fernando Araújo, diretor executivo do SNS, está “a remar com remos de madeira um grande petroleiro” e que “isso tem um risco”: “é que os remos podem-se partir ou o cansaço sobrevir”, referiu, ao garantir que o que “ele está a fazer de pior é aceitar esta situação”. Argumentou que “alguma coisa se está a passar na relação entre ministérios” e critica a “procrastinação deste processo”.
Em entrevista, o anterior responsável pela Saúde em Portugal abordou ainda as demissões em alguns serviços hospitalares para explicar que “os problemas existem e devem ser verbalizados com franqueza perante a opinião pública e perante o Parlamento”. Sobre a transferência de pacientes para o privado, referiu que, como cidadão, não pode “ficar sequestrado por guerras ideológicas”, mas que é preciso “encontrar uma solução equilibrada”. Pediu ainda “prudência” na descriminalização das drogas, para não se dar “passos maiores do que a perna”.