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Adesão a rastreios do cancro da mama está a diminuir

28 de novembro de 2014

O coordenador do Programa Nacional de Doenças Oncológicas revelou hoje que as mulheres estão a aderir menos aos rastreios dos cancros da mama e do colo do útero, pelo que será feito um inquérito para avaliar as razões desta diminuição.

Nuno Miranda falava durante a apresentação do relatório “Portugal – doenças oncológicas em números – 2014”, do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, que analisa os números mais recentes da incidência e mortalidade associados às doenças oncológicas e a resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O oncologista sublinhou que cada vez mais mulheres são convidadas a fazer o rastreio ao cancro da mama – 389.602 em 2012 e 408.868 em 2013 – número bastante superior ao das mulheres rastreadas (248.950).

«A percentagem de mulheres que aceita fazer rastreio ao cancro da mama está a diminuir», disse Nuno Miranda, sugerindo que a polémica em torno da utilidade e riscos deste rastreio tem contribuído para estes valores.

Nuno Miranda disse ainda que as dificuldades financeiras também poderão contribuir para esta diminuição: «Menos dinheiro, menos disponibilidade para este tipo de preocupação», afirmou.

A situação ao nível do colo do útero também preocupa o oncologista, ao ponto de as autoridades terem decidido realizar um inquérito para averiguar se estas mulheres não fazem de todo o rastreio ou se optam por fazê-lo em unidades de saúde privadas.

No rastreio ao cancro do colo do útero, a taxa de adesão desceu de 67,55 por cento, em 2012, para 62,81, em 2013.

Nuno Miranda defendeu a promoção deste rastreio, até porque, para já, ainda é cedo para se fazerem sentir os efeitos da vacina contra o vírus do papiloma humano, um dos responsáveis por este carcinoma.

O documento hoje apresentado, citado pela “Lusa”, aponta para «uma pequena diminuição na taxa de mortalidade padronizada por tumores malignos, tanto na população global como no grupo etário inferior a 65 anos». «Este resultado é muito positivo, pois reflete ganhos líquidos em saúde».

Os autores do relatório indicam que Portugal – tal como os outros países – assiste a «um aumento muito significativo de novos casos, fruto de alterações significativas da estrutura da pirâmide populacional e de alterações do estilo de vida».

Ao nível dos dez tumores mais frequentes em Portugal, em 2012 morreram 2.312 por tumor maligno do estômago, 2.612 com tumor maligno do cólon, 883 devido ao tumor maligno do reto e 3.446 por causa do tumor maligno da traqueia, brônquios e pulmão.

O tumor maligno da mama feminina matou 1.663 mulheres, enquanto o tumor maligno do colo do útero foi responsável por 204 óbitos.

O tumor maligno do corpo do útero causou 183 mortes, o da próstata 1.745 e o da bexiga 924. Devido ao linfoma não-Hodgkin morreram 664 pessoas.