A Associação de Farmácias de Portugal (AFP), através da sua presidente, Manuela Pacheco, veio pedir às autarquias para cederem temporariamente um espaço às farmácias mais pequenas para poderem realizar os testes comparticipados à covid-19 e aumentar assim a oferta aos utentes em todo o país.
De acordo com Manuela Pacheco, somente 15% das cerca de 3.000 farmácias do país aderiram, desde 1 de julho, à realização de testes rápidos de antigénio à covid-19 comparticipados pelo Estado. Para a presidente da AFP, este é um número “muito baixo” que pode ser aumentado se houver colaboração entre as várias entidades envolvidas no processo.
Muitas das farmácias que gostavam de aderir, não têm espaço físico para a realização dos testes aos utentes.
“Temos algumas farmácias que pretendiam usufruir da bolsa dos voluntários” disponibilizada pela Ordem dos Farmacêuticos (OF) para colaborar neste serviço, mas precisavam de uma sala ou de um local onde pudessem executar os testes, explicou.
Segundo a presidente da AFP, algumas farmácias indicaram que se as câmaras municipais ou as juntas de freguesia disponibilizassem ou autorizassem a utilização de um espaço público perto da farmácia, como algumas estão a fazer em Lisboa, era mais fácil integrar o projeto.
“Sei que pelo menos duas farmácias estão a fazer os testes de antigénio em frente à farmácia em espaços que a Câmara de Lisboa cedeu sem pagamento da utilização de via pública”, afirmou.
Manuela Pacheco acrescentou ainda que há concelhos que não têm nenhuma farmácia a realizar os testes comparticipados, “o que causa algum desconforto e alguma revolta por parte dos utentes que querem fazer um teste a custo zero e não têm onde o fazer”.
A presidente da AFP sublinhou ainda que existe “uma série de condicionantes que concorrem para a não integração das farmácias neste serviço”, como o facto de as pessoas terem de assinar um compromisso de honra em como não foram vacinadas nem estiveram infetadas há menos de seis meses, que têm mais de 12 anos e que não realizaram mais de quatro testes autorizados para comparticipação pelo SNS.
“Isto continua a ser usado, mas não é uma coisa muito clara e daí muitas farmácias, para não incorrerem involuntariamente num incumprimento, decidiram não fazer”, sublinhou.
A presidente da AFP reforçou que tem de haver colaboração, para “não serem só uns a ceder e, mais uma vez, as farmácias ficarem prejudicadas”, até porque o valor da comparticipação do teste (10 euros) fica muito aquém daquilo que efetivamente nos custa”.
“Eu ponho-me do lado dos nossos governantes que veem que não há resposta do lado das farmácias e ficam desagradados, mas eles também têm de se pôr do lado das farmácias e ver que nós somos entidades privadas e que nem sempre temos condições para poder responder e dar na íntegra aquilo que nos é pedido que é condições e segurança”, defendeu.