A segurança dos implantes mamários usados em cirurgia cosmética e reconstrutiva vai ser reavaliada no início de 2019. O anúncio foi feito pela agência francesa do medicamento (ANSM), depois de ter detetado uma forma rara de cancro nas mulheres que os utilizaram.
Entre as 500 mil mulheres portadoras de implantes em França foram identificados 53 casos de linfoma anaplásico de células grandes (LACG na sigla em inglês), envolvendo principalmente implantes em envelope texturizado, segundo a ANSM.
Estes modelos representam 85% do mercado francês, contra 15% dos implantes de envelope liso.
A agência reunirá, entre 07 e 08 de fevereiro, um comité de peritos encarregados de auscultar os pacientes, os profissionais de saúde e outros intervenientes nesta matéria, para beneficiarem de um esclarecimento global sobre a utilização deste tipo de implantes, anunciou a ANSM em comunicado, citado pela agência “Lusa”.
Após a audição do comité de peritos, a agência do medicamento «tomará uma decisão sobre a utilização dos implantes, sobretudo de envelope texturizado, em cirurgias estéticas e reconstrutivas».
Enquanto isso, a agência recomenda aos profissionais de saúde que utilizem preferencialmente os implantes mamários de envelope liso.
Os primeiros casos de LAGC em França foram sinalizados em 2011, o que levou à criação de um dispositivo de controlo nestas intervenções cirúrgicas. Em 2015, foi criado um comité científico provisório e as decisões que forem tomadas no futuro terão também em conta as informações recolhidas por estes elementos.
Recorde-se que esta situação foi marcada por um forte escândalo de saúde pública que eclodiu em 2010 e que envolveu a empresa Poly Implantes Prothéses (PIP), que vendeu perto de um milhão de próteses mamárias alegadamente defeituosas, fora de qualquer padrão regulado de saúde, tendo afetado cerca de 400 mil mulheres em todo o mundo.