Alentejo e Algarve com carência de psiquiatras, Lisboa tem oferta acima da média
05 de agosto de 2014
Relatório do grupo de trabalho sobre cuidados de saúde mental aponta assimetrias regionais nos recursos humanos especializados.
O Alentejo e o Algarve têm graves carências de profissionais de saúde mental. As duas regiões estão abaixo dos rácios ideais em número de psiquiatras, mas também de enfermeiros e técnicos especializados, aponta o relatório do grupo de trabalho sobre cuidados de saúde mental nomeado pelo Governo, que agora foi publicado. Em sentido contrário, a região de Lisboa tem um número de médicos acima da média nacional. Estas assimetrias regionais são o principal traço da caracterização do setor que é feita neste estudo.
Segundo os rácios de psiquiatras, nas regiões do Alentejo e Algarve os números situam-se «em cerca de metade dos desejáveis», lê-se no relatório do grupo de trabalho. Já as restantes regiões têm valores acima do definido pela Direção-Geral de Saúde, ultrapassando os 45% das necessidades, no caso de Lisboa e Vale do Tejo. O rácio de psiquiatras na região em torno da capital é de 2,3 por cada 25 mil habitantes, um número acima da média nacional.
É o Alentejo quem está em piores condições nesta análise, tendo apenas oito psiquiatras para uma população de 429.541 habitantes. Estes números colocam a região com mais suicídios do país com um rácio de 0,5 clínicos por cada 25 mil habitantes.
O cenário repete-se na Psiquiatria da Infância e da Adolescência, com apenas um médico especialista para uma população de mais de 80 mil pessoas naquela zona do país. O rácio (0,8) fica mais uma vez aquém da média nacional (5 médicos). O quadro do Algarve apresenta resultados um pouco melhores, mas ainda assim claramente abaixo da média. Naquela região, existem apenas 20 psiquiatras para a população adulta (1,3) e 2 para crianças (1,6).
Ao contrário do que acontece com os adultos, no caso da Psiquiatria da Infância e da Adolescência há falta de médicos em todas as regiões do país. A situação é classificada no relatório como «bem mais preocupante», pois apenas nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Norte o número de clínicos é ligeiramente superior a metade do desejável.
«Constata-se uma assimetria entre as regiões e, dentro destas, entre serviços, em todos os sectores profissionais considerados», lê-se nas conclusões do relatório do grupo de trabalho, que identifica também que o rácio de enfermeiros, técnicos de serviço social e terapeutas ocupacionais se encontra abaixo do adequado. No setor da Enfermagem, só nas regiões do Centro e de Lisboa e Vale do Tejo os números se aproximam do desejável, «sendo particularmente baixos nas regiões do Alentejo e Algarve», conclui o grupo de trabalho, apontou o “Público”.
O relatório do Grupo de Trabalho para a Avaliação da Situação da Prestação de Cuidados de Saúde Mental e das Necessidades na Área da Saúde Mental – datado de junho, mas disponibilizado no Portal da Saúde apenas na última sexta-feira — está em discussão pública até ao final do mês.