Alergia ao pólen poderá afetar mais de 70 milhões de europeus em 2050 382

Alergia ao pólen poderá afetar mais de 70 milhões de europeus em 2050

26 de Agosto de 2016

As alterações climáticas poderão fazer duplicar até 2050 o número de europeus que sofrem de alergia ao pólen de ambrósia, elevando-o a 77 milhões em vez dos atuais 33 milhões, segundo um estudo publicado ontem.

Planta invasora originária da América do Norte, a ambrósia, cujo pólen provoca fortes alergias, está já muito presente no centro e no sul da Europa.

A alergia à ambrósia faz parte das alergias aos pólenes ou alergias sazonais que afetam já, em graus diferentes, perto de 40% dos europeus.

Tais alergias podem ser provocadas pelos pólenes de algumas árvores (bétula, acipreste, entre outras) na primavera e depois, no verão e no outono, pelos pólenes de gramíneas ou de ervas daninhas.

«É o primeiro estudo destinado a quantificar o eventual impacto das alterações climáticas nas alergias», salienta Iain Lake, que dirigiu o estudo publicado na revista “Environmental Health Perspectives”, citado pela “Lusa”.

Para chegar ao número de 77 milhões de europeus afetados, os investigadores basearam-se em projeções que mostram que os pólenes de ambrósia irão, no futuro, estender-se a outros países europeus, como a Alemanha ou a Polónia.
De acordo com os investigadores, dois terços do aumento podem ser atribuídos às mudanças climáticas, ao passo que o restante terço se explica pela propagação natural da planta invasora.

Mas, se forem adotadas medidas para combater a ambrósia, o número dos alérgicos poderá cair para 52 milhões em 2050 ou, pelo contrário, aumentar para 107 milhões se a propagação ocorrer mais rapidamente que o previsto, observou, por sua vez, uma investigadora da Universidade de Viena, Michelle Epstein.

No futuro, a estudiosa prevê igualmente um agravamento dos sintomas de alergia à ambrósia, por causa de uma mais forte concentração de pólenes e de uma «época» mais longa que a atual, estendendo-se de meados de setembro a meados de outubro.

A planta, que pode atingir 1,80 metros, é extremamente resistente, adapta-se a quase todos os solos, não teme a seca e produz sementes que podem manter-se viáveis durante mais de dez anos na terra.

Além da América do Norte e da Europa, a ambrósia já se propagou para algumas regiões da Austrália, da América do Sul e mesmo do Japão.