Algas comuns podem servir para antibióticos e ajudar no combate ao cancro – Estudo 1618

Algas comuns podem resultar em medicamentos anticancerígenos e antibióticos com poder para combater infeções resistentes, segundo um estudo de levado a cabo em Portugal e hoje publicado na revista científica “Fronteiras em Microbiologia”.

À agência “Lusa” a principal autora do estudo, Maria de Fátima Carvalho, referiu que o trabalho permitiu ainda descobrir dois compostos produzidos por bactérias que não são conhecidos e que podem revelar-se como moléculas novas.

A investigação focou-se numa espécie de alga comum na costa portuguesa, a “Laminaria ochroleuca” (algas castanhas de grandes dimensões), e num tipo de bactéria específico, a actinobactéria. «Focámo-nos na comunidade de bactérias ligadas a estas algas, as actinobactérias, que estão muito ligadas à produção de compostos conhecidos para antibióticos», contextualizou Fátima Carvalho, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), que funciona em Matosinhos.

A responsável relatou que o objetivo foi a compreensão de como é que aquelas bactérias podiam estar ligadas a essa alga castanha comum na costa portuguesa e analisar, à posteriori, o seu potencial. Nesta análise nunca antes realizada, foram efetivamente identificados compostos produzidos pelas actinobactérias com essas características, com potencial antimicrobiano e anti-cancerígeno.

Como explicado no comunicado da fonte, os compostos que as bactérias produzem para se defenderem no meio onde vivem podem contribuir para o combate às infeções no ser humano. O trabalho científico permitiu o entendimento de que também seriam capazes de inibir linhas celulares cancerígenas, explicou Maria de Fátima Carvalho.

Assim, o estudo «leva-nos a crer que outras espécies de algas podem ser uma fonte valiosa» para medicamentos no futuro, disse a investigadora. «Não estou a dizer que obtivemos um composto, obtivemos indicações de que haverá compostos que podem ser uma solução para problemas como infeções resistentes, como infeções hospitalares, ou alguns tipos de cancro».

O estudo vai continuar, até porque os investigadores obtiveram dois extratos de bactéria que sem classificação e que terão de ser estudados a fundo. Nas palavras da responsável pelo estudo, as algas são uma matéria prima que «vale a pena explorar», pelos «resultados promissores».

Os compostos defensivos produzidos pelos micróbios são desde há muito uma importante fonte de antibióticos e outros medicamentos, e a laminaria é uma rica fonte de bactérias com potencial para novos medicamentos.