Alimentação inadequada e excesso de peso fatores que (mais) fazem perder anos de vida saudável 339

O excesso de peso (incluindo a obesidade) e os hábitos alimentares inadequados estão entre os principais determinantes da perda de anos de vida saudável dos portugueses contribuindo, respetivamente, para 8,3% e 7,5% do total de mortes em Portugal, segundo os dados mais recentes (2021) divulgados pelo Global Burden Disease Study (GBD).

Este é um estudo internacional que recolhe de forma sistemática informação proveniente de 204 países, fornecendo informações sobre as doenças e os fatores de risco que mais contribuem para a mortalidade e para a perda de anos de vida saudável. É coordenado pelo Institute for Health Metrics and Evaluation da Universidade de Washington e conta com a colaboração da Direção-Geral da Saúde (DGS).

 

Os comportamentos (mais) inadequados

O elevado consumo de carne vermelha, carnes processadas e sal, bem como o consumo insuficiente de cereais integrais, fruta e hortícolas foram os comportamentos alimentares inadequados que mais contribuíram para que os portugueses vivessem menos anos com saúde, no ano de 2021.

Além disso, a glicose plasmática elevada e a hipertensão arterial – determinantes da saúde indiretamente relacionados com a alimentação – foram considerados os principais responsáveis em Portugal pelo aparecimento de doenças como a diabetes, neoplasias e doenças cardiovasculares e renais e pela mortalidade associada.

 

Nos últimos 20 anos…

Olhando para as duas últimas décadas (até 2021), os dados demonstram que a pré-obesidade e a obesidade foram os fatores de risco que mais aumentaram a sua contribuição para da carga da doença em Portugal. Nestes últimos 20 anos verificou-se um aumento de 28% no contributo do excesso de peso para a perda de anos de vida saudável e de 14% para o total de mortes associadas ao IMC elevado.

No mesmo período em análise, o elevado consumo de bebidas açucaradas (+37%), o elevado consumo de carne vermelha (+23%) e de carnes processadas (+22%), bem como o baixo consumo de hortícolas (+22%), foram os fatores de risco alimentar para os quais se verificou um maior aumento do seu contributo para a perda de anos de vida saudável. 

 

Apostar na prevenção

Estes dados reforçam, segundo o noticiado pelo site da DGS, “a necessidade de intensificar os esforços para a implementação de medidas na área da prevenção e tratamento da obesidade”. Reforçam ainda a relevância das medidas de saúde pública que a DGS tem vindo apoiar tecnicamente ao longo dos últimos anos, nomeadamente: “o imposto especial de consumo sobre as bebidas açucaradas e as restrições à publicidade destas bebidas dirigida a menores de 16 anos, bem como a limitação da frequência da oferta de carne vermelha e de carnes processadas em espaços públicos, como as escolas e as instituições do Serviço Nacional de Saúde”.