Alterações climáticas aumentam número de mortes por fumo gerado por incêndios 52

As alterações climáticas influenciam cada vez mais o comportamento dos incêndios em todo o mundo e intensificam o seu fumo, o que agrava a poluição do ar e afeta a saúde pública nas cidades, aumentando o número de mortes.

Todos os anos morrem mais de 98.748 pessoas devido ao fumo dos incêndios, de acordo com dois estudos publicados na segunda-feira (21) na Nature Climate Change e liderados pelo Potsdam Institute for Climate Impact Research PIK.

 

O primeiro estudo

Este confirma, segundo a Lusa, que entre 2003 e 2019, a área ardida em todo o mundo devido às alterações climáticas aumentou 15,8%, especialmente na Austrália, América do Sul, oeste da América do Norte e Sibéria.

Este aumento dos incêndios florestais neutralizou a diminuição da área ardida devido às alterações no uso do solo e ao aumento da densidade populacional nos últimos anos, apontaram os autores do estudo.

“O nosso estudo mostra que, quando ocorrem incêndios, a influência das alterações climáticas com condições climáticas mais secas e mais quentes é cada vez mais significativa”, explicou Chantelle Burton, investigadora do Met Office Hadley Center e coautora principal do primeiro estudo.

 

O segundo estudo

Com base nas descobertas do primeiro estudo, o segundo examinou como as alterações climáticas estão ligadas a um aumento global de mortes por poluição atmosférica relacionada com incêndios e revela que as alterações climáticas aumentaram estas mortes de 669 anualmente na década de 1960 para mais de 12.500 em 2010.

Especificamente, aponta que as mortes devido à poluição atmosférica causada por incêndios passaram de 46.401 anualmente na década de 1960 para 98.748 em 2010 e, de acordo com os seus cálculos, 669 mortes anuais na década de 1960 e mais de 12.500 em 2010 podem ser atribuídas às alterações climáticas.

“Isto mostra que as alterações climáticas representam cada vez mais uma ameaça para a saúde pública, devido ao aumento do fumo dos incêndios que afeta até mesmo áreas densamente povoadas”, sublinhou Chae Yeon Park, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Industrial Avançada do Japão e autor principal.

O fumo dos incêndios contém partículas extremamente pequenas que penetram no sistema respiratório e representam um risco significativo para a saúde, causando doenças pulmonares e respiratórias.

Regiões como a América do Sul, a Austrália e a Europa registaram os aumentos mais significativos da mortalidade por incêndios atribuídos às alterações climáticas, coincidindo com condições mais quentes e secas provocadas pelo aquecimento global.

Embora a diminuição da humidade e o aumento das temperaturas aumentem o risco de incêndio, os investigadores também observaram que em algumas áreas, como o Sul da Ásia, o aumento da humidade levou a menos mortes por incêndios atribuíveis às alterações climáticas.