Ana Paula Martins: “Os cuidados farmacêuticos e os serviços farmacêuticos são pilares essenciais dos nossos sistemas de saúde” 227

“Os cuidados farmacêuticos e os serviços farmacêuticos são pilares essenciais dos nossos sistemas de saúde. Contribuem diretamente para o bem-estar das populações e para a sustentabilidade dos sistemas de saúde a nível mundial”, afirmou, ontem, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, num simpósio sobre cuidados farmacêuticos e serviços farmacêuticos realizado, em Copenhaga, Dinamarca.

O evento, segundo explica a Federação Internacional Farmacêutica (FIP), em comunicado, foi organizado conjuntamente pelo Gabinete Regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa e pela própria FIP, tendo reunido decisores políticos para analisar o que os farmacêuticos podem e devem fazer para contribuir para a prestação de cuidados de saúde e a forma como estas funções se enquadram na abordagem multidisciplinar da saúde em contexto hospitalar e comunitário.

 

Incluir outros serviços além da vacinação

Ana Paula Martins partilhou exemplos de “avanços significativos” que têm sido feitos em Portugal para expandir e reforçar os serviços de cuidados farmacêuticos, nomeadamente a integração nas equipas de saúde, um programa de residência farmacêutica e a vacinação.

No entanto, a ministra admitiu que “não temos dado os incentivos certos aos farmacêuticos para a prestação de serviços no âmbito dos cuidados de saúde primários. Precisamos de um novo contrato que vá além da vacinação e inclua outros serviços. Precisamos de ter cuidados integrados [completos], incluindo farmacêuticos, e temos de pagar por esses cuidados para perceber o seu valor”.

Por seu turno, o secretário profissional da FIP, Luís Lourenço, declarou que os farmacêuticos estão a fazer um “trabalho extraordinário”, mas que é necessária formação, regulamentação e financiamento para uma maior implementação da prática profissional.

Por isso, desafiou os decisores políticos presentes na reunião a refletirem sobre a forma como podem contribuir para o desenvolvimento da profissão de farmacêutico em benefício dos doentes.

 

Em Espanha

O secretário de Estado da Saúde de Espanha, Javier Padilla, que também participou no evento, anunciou a criação de um grupo de trabalho, no seu país, para elaborar um documento de consenso para a farmácia comunitária e os cuidados primários.

Serão ainda criados comités de farmacoterapêutica, que reunirão médicos, enfermeiros e farmacêuticos e serão coordenados por farmacêuticos que atuam ao nível dos cuidados primários.

Foi ainda sublinhado que a legislação espanhola está a ser alterada para que os farmacêuticos possam substituir medicamentos em caso de escassez. “Queremos realmente atualizar o papel da farmácia comunitária no nosso serviço nacional de saúde. . . Os farmacêuticos são um dos motores da equidade na saúde e são muito acessíveis. As farmácias comunitárias são estabelecimentos privados, mas prestam um serviço público essencial”, afirmou Javier Padilla.

 

Parceria com a OMS

Paralelamente à reunião, decorreu uma exposição de cartazes que teve como objetivo sensibilizar os participantes para a papel da Farmácia.

“A FIP orgulha-se de ter feito uma parceria com a OMS neste importante evento para aumentar a sensibilização para o papel dos farmacêuticos na prestação de cuidados de saúde e destacar as boas práticas para que os países as possam adaptar e adotar”, afirmou, também em comunicado, a diretora Executiva da FIP, Catherine Duggan.

“Embora seja evidente que o papel dos farmacêuticos é importante, temos ainda um longo caminho a percorrer para libertar verdadeiramente todo o seu potencial enquanto profissional de saúde de primeira linha e membro de equipas multidisciplinares”, salientou Hans Henri P. Kluge, diretor regional da OMS para a Europa, acrescentando que este simpósio “coorganizado com os nossos parceiros da Federação Internacional Farmacêutica, faz parte dos nossos esforços para explicar ao mundo em geral o papel dos farmacêuticos e para colocar as suas necessidades e aspirações no centro das atenções.. .[Numa altura em que a região [europeia] ainda se debate com a escassez de profissionais de saúde em todos os sectores, temos de maximizar o papel dos farmacêuticos.”