
“Somos demasiadamente poucos para não estarmos unidos nos desafios que temos pela frente”, declarou Henrique Reguengo, presidente do Conselho do Colégio de Especialidade de Análises Clínicas e Genética Humana, explicando que “no SNS [Serviço Nacional de Saúde] a nossa presença tem sido sistematicamente reduzida. Enfrentamos pressões inaceitáveis para sermos substituídos, as nossas competências são desvalorizadas, ignorando-se deliberadamente que a excelência da medicina laboratorial depende da diversidade e complementaridade de especialidades e formações”.
Monopolização do setor
O farmacêutico, que discursava durante a cerimónia de tomada de posse dos conselhos dos colégios de especialidade da Ordem dos Farmacêuticos, que aconteceu, no dia 06 de março, na sede da instituição, em Lisboa, alertou ainda que “nos laboratórios privados assistimos à crescente monopolização do setor, onde a lógica financeira ameaça subjugar a qualidade e a proximidade dos serviços prestados aos utentes, algo completamente a contraciclo numa área em que se avança a ritmo acelerado para a medicina personalizada”.
Esta realidade, para o novo presidente do conselho deste colégio, “exige de nós, não apenas preocupação, mas uma resposta firme, estruturada e imediata”.
Valorização dos laboratórios de pequena e média dimensão
Henrique Reguengo defendeu ainda “a valorização e regulação efetiva dos laboratórios de pequena e média dimensão fundamentais para o acesso de proximidade a serviços laboratoriais de qualidade”.
Deste modo, argumentou que, “tal como existe uma rede capilar de farmácias comunitárias, existe também uma rede de laboratórios com farmacêuticos que hoje urge valorizar e capitalizar”.
Internacionalização da especialidade
“A internacionalização da nossa especialidade, conquistando não apenas o reconhecimento interpares, mas o reconhecimento político e jurídico a nível europeu, fundamental para a efetividade do nosso trabalho” é outro dos objetivos do presidente recentemente empossado.
Mas antes de mais, “no que às análises clínicas e à genética humana diz respeito, defendemos inequivocamente o reforço decisivo da presença dos farmacêuticos especialistas no SNS, exigindo que a nossa competência seja reconhecida e integrada de forma justa e equitativa”.
Neste sentido, indicou que “trabalharemos incansavelmente com todas as entidades relevantes (…) para garantir o reconhecimento merecido dos farmacêuticos especialistas. Este é o momento decisivo para as análises clínicas e a genética humana. É tempo de reafirmarmos com clareza a nossa posição e assegurarmos o futuro da especialidade”.