ANEM contra a abertura de novos cursos de Medicina 763

A Direção da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) divulgou um comunicado a mostrar “a sua profunda preocupação com a abertura de um novo curso de Medicina em Portugal”.

A ANEM indica que tem tentado “sensibilizar os decisores para o facto de Portugal apresentar um elevado número de graduados médicos”.

“A abertura de um novo curso de Medicina na região de Lisboa, onde já cerca de 1.500 alunos e mais de 500 internos estagiam, sobrecarregará, ainda mais, a capacidade das instituições formadoras e afetará, inquestionavelmente, a qualidade do ensino ministrado, principalmente ao nível de cuidados de saúde primários”, explica a Associação de Estudantes.

Segundo os estudantes, este “é um facto reconhecido por inúmeras entidades e personalidades da área da formação médica”.

Aliás, a ANEM “reconhece o enormíssimo esforço que tem sido feito pela Ordem dos Médicos e pelos seus Colégios da Especialidade no aumento dos serviços com idoneidades formativas, e tememos que as mesmas estejam, neste momento, próximas do limite máximo”, lembrando também o “aumento de graduados médicos que concorrem à especialidade, sem que haja um proporcional aumento das vagas”.

E a abertura de um novo curso de Medicina só vai fazer com que o “número de médicos sem especialidade aumente nos próximos anos, afetando negativamente a qualidade dos cuidados de saúde prestados ao nível do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

A ANEM recorda ainda que “a sucessiva dilapidação de recursos e o desinvestimento crónico no SNS tornaram-no pouco atrativo, o que, aliado à inexistência de vagas na especialidade, promove o êxodo e emigração de profissionais que, por sua vez, diminuem cada vez mais o número de médicos disponíveis para acompanhar e formar futuros médicos”.

Para além disso, a ANEM “demonstra igualmente a sua consternação pela manutenção da opção da acreditação de um novo curso de Medicina nas atuais condições – que se preveem manter – numa posição contrária à demonstrada não só pelos Estudantes de Medicina, mas igualmente pelo Conselho de Escolas Médicas Portuguesas e pela Ordem dos Médicos, que emitiu um parecer negativo (à semelhança de 2019)”.

A Associação de Estudantes questiona ainda que se ocurso abre este ano “não se entende como se poderá reavaliar o curso em 2021, dado que o mesmo terá de ser adaptado; e a optar pela abertura somente em 2021, fica a questão porque é que a Agência para a Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) não optou pelo não acreditação do curso, dando mais um ano à Universidade Católica Portuguesa para resolver as graves lacunas identificadas no parecer da Ordem dos Médicos?”

A Direção da ANEM termina o seu comunicado por “afirmar que é contra a abertura de novos cursos de Medicina. Esta é uma medida populista que atenta contra toda a evidência existente relativa ao ensino médico pré e pós-graduado em Portugal, e que resultará, em quaisquer circunstâncias, numa diminuição global da qualidade da formação, não sendo movida por qualquer questão ideológica de universidades públicas contra privadas”.