ANF e CNS discutem “canal de comunicação privilegiado com o médico” 536

Os cuidados prestados à população, a partilha de dados em saúde, a renovação da terapêutica e a dispensa em proximidade dos medicamentos hospitalares nas farmácias comunitárias foram os temas dominantes da reunião ocorrida ontem na sede da Associação Nacional das Farmácias entre Ema Paulino e o presidente e vice-presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Víctor Ramos e Lucília Nunes. E o Netfarma esteve lá.

No final da reunião, Ana Tenreiro, membro da Direção da ANF e representante da Associação no Conselho Nacional de Saúde, explicou ao Netfarma a necessidade de acesso ao registo de saúde eletrónico dos utentes para os farmacêuticos poderem intervir, controlar os parâmetros e registar as suas intervenções no momento da renovação da terapêutica aos doentes crónicos. O desenvolvimento de um «canal de comunicação privilegiado com o médico» foi outra das vertentes assinaladas nesta reunião, que se insere numa ronda de encontros com os intervenientes nas políticas de saúde.

Ana Tenreiro assinala que existem condições a renovação terapêutica e a dispensa em proximidade de medicamentos hospitalares avançarem este ano, até porque existe uma vontade muito forte de «centrar as atenções de todos os profissionais de saúde na pessoa com doença».

Recordando que ambas as medidas estão inscritas no Orçamento de Estado para 2023, «penso que brevemente teremos novidades relativas à sua contratualização» com o Ministério da Saúde.

O presidente do Conselho Nacional de Saúde, Victor Ramos, realça que sempre olhou para as farmácias como «a grande rede de entrosamento com a comunidade».

«O trabalho em proximidade deve ser um trabalho em equipa», o que implica uma ligação cada vez maior das farmácias «com todos os profissionais e parceiros que, como o setor social, estão junto das pessoas».

O médico de família defende assim a realização de «todas as tarefas ou atividades que caibam dentro das competências de quem estiver preparado para as fazer, em articulação com os outros prestadores da equipa de proximidade».

É justamente esse trabalho – constituição das equipas de proximidade – que «falta fazer», acrescenta.

Um «sonho» que já tinha sido enunciado nos Sistemas Locais de Saúde, previstos desde 1999: «envolver e mobilizar todos os recursos do Serviço Nacional de Saúde, do setor social e privado, com as pessoas», incluindo «formação conjunta para evitar informações desfasadas ou contraditórias, não só em relação às práticas mas também na informação interpessoal com os cidadãos».

Para Victor Ramos, isto «é o óbvio». Claro que há «arestas a limar», mas a sua preocupação incide sobretudo em «constituir a rede e a conexão».

Questionado sobre o tempo transcorrido desde 1999 até agora, o presidente do CNS diz: «nunca confundas uma visão clara com uma distância curta; neste caso, temporal…».