Em 2018 deixaram de ser dispensados cerca de 64,1 milhões de embalagens de medicamentos por falta de stock nas farmácias, registando um aumento face a 2017 e sendo o valor mais elevado desde a monitorização do problema, em 2014.
Como referido no jornal “Público”, o aumento das notificações à associação do sector em 2018 face ao ano anterior corresponde a cerca de 32,8%. Os medicamentos para doença de Parkinson, diabetes, hipertensão, medicamentos para tromboses e enfartes ou para a doença pulmonar obstrutiva crónica foram os que mais faltaram em 2018. As participações de falhas até diminuíram em 2016 e 2017, ano em que foram registadas 48,3 milhões de embalagens em falta. No entanto, em 2018, o número disparou – com um aumento de quase 16 milhões de embalagens não dispensadas e todos os meses dois mil estabelecimentos farmacêuticos queixaram-se de falhas de abastecimento.
Alguns dos medicamentos que os doentes não encontraram nas farmácias portuguesas no último ano são «considerados essenciais pela Organização Mundial de Saúde», sendo que algumas dessas falhas podem colocar em causa a vida dos doentes quando a toma da medicação é interrompida. Na maior parte das situações, os doentes vêem-se forçados a regressarem à farmácia passadas algumas horas para levarem os fármacos, mas há casos em que o stock de medicamentos ou dispositivos ficam indisponíveis durante semanas.
Os dados constam do último relatório do observatório, criado há seis anos pelo Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (Cefar) da Associação Nacional das Farmácias (ANF) para monitorizar o problema. O sistema instalado permite registar as encomendas a que os distribuidores não conseguem dar seguimento de imediato. Como um representante do INFARMED refere à fonte, também se verifica o problema da falha de comunicação de alguns farmacêuticos de alternativas para a substituição do fármaco não disponível.
O secretário-geral da Associação Nacional das Farmácias, Nuno Flora, diz mesmo que «a maioria das farmácias tem prejuízo para dispensar os medicamentos essenciais, comparticipados pelo Estado», particularizando as farmácias do interior do país, mais pequenas e que servem populações mais idosas e desfavorecidas. Como avançado pela Instituição, os distritos de Vila Real, Bragança, Braga e Castelo Branco foram os que mais registaram falhas nos medicamentos.
O INFARMED garantiu ao jornal “Público” que, nos últimos anos foram tomadas medidas «que visam prevenir e combater a indisponibilidade de medicamentos em Portugal e mitigar as rupturas de stock». A entidade revela que está a elaborar um documento «em que pretende actualizar as formas de notificação de faltas por todos os intervenientes do circuito legal do medicamento».