Os portugueses compraram no ano passado mais de 10 milhões de embalagens de ansiolíticos e quase nove milhões de embalagens de antidepressivos. Quem o diz é o relatório do Conselho Nacional de Saúde dedicado à saúde mental.
Neste documento divulgado, o consumo de ansiolíticos apresenta uma tendência estável em Portugal desde 2014, já os antidepressivos registam uma tendência crescente nos últimos anos.
O aumento do consumo de antidepressivos segue a mesma tendência do que nos restantes países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), onde o consumo duplicou entre 2000 e 2017.
Este aumento pode refletir um melhor diagnóstico da depressão, melhor acesso a medicamentos e uma evolução das orientações clínicas para o tratamento da depressão.
Portugal surge como o quinto país em 29 que mais consome antidepressivos. A taxa de consumo chega a ser o dobro de países como a Holanda, a Itália ou a Eslováquia.
Este relatório considera que os dados são “particularmente preocupantes” em Portugal no que respeita ao consumo de benzodiazepinas (medicamentos usados para a ansiedade que podem causar dependência com uso continuado).
Dados de 2016 indicam que 1,9 milhões de portugueses tiveram pelo menos uma prescrição de benzodiazepinas.
“As benzodiazepinas e análogos são apenas indicados para o controlo de curto prazo da ansiedade e insónia, podendo ter efeitos deletérios [nocivos] se mantidos de forma crónica”, como possível adição e disfunção cognitiva, sublinha o relatório do Conselho Nacional de Saúde.