António Arnaut diz que sustentabilidade do SNS está nos seus profissionais 16 de Setembro de 2016 O antigo ministro socialista António Arnaut disse ontem, em Coimbra, que a «verdadeira sustentabilidade» do Serviço Nacional de Saúde (SNS) está nos seus profissionais. «São eles que têm feito o SNS todos os dias» desde a sua criação, afirmou o escritor e advogado, principal impulsionador do Serviço Nacional de Saúde enquanto deputado e governante, em 1979, ontem homenageado em Coimbra, onde o Conselho de Ministros esteve reunido com uma agenda dedicada à saúde. Trinta e sete anos depois, segundo o antigo ministro dos Assuntos Sociais, do segundo Governo liderado por Mário Soares, importa «dar estabilidade e dignidade» às carreiras médicas. António Arnaut intervinha no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), nas celebrações do Dia Nacional do SNS, em cujo programa participou o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, e que incluiu a inauguração de um monumento com um busto em bronze do homenageado, à entrada do auditório do complexo hospitalar. «Sou partidário da criação de condições para que o médico se sinta motivado para a dedicação exclusiva», defendeu, frisando que deveria caber ao profissional «aceitar facultativamente» essa possibilidade, citou a “Lusa”. O seu empenho na promoção do SNS, em 1978 e 1979, «foi a última oportunidade para concretizar» o artigo da Constituição da República que consagrou essa conquista da Revolução do 25 de Abril, recordou. António Arnaut congratulou-se com a sobrevivência do Serviço Nacional de Saúde, «apesar de muitas amputações e desvios à sua matriz» fundadora, realçando especialmente o facto de ter conseguido, nestas décadas, «converter os descrentes e os agnósticos» do Estado Social. Perante centenas de pessoas, o antigo grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL) – Maçonaria Portuguesa evocou o pensador francês Rousseau, mas também os portugueses Antero de Quental e António Sérgio, entre outros, tendo justificado a colocação de «mais uma pedra na construção da fraternidade universal» – o próprio SNS – com a inspiração que foi buscar a homens como Jesus Cristo e ao revolucionário argentino Ernesto Che Guevara, que integrou a Revolução Cubana ao lado de Fidel Castro e Camilo Cienfuegos. O SNS foi constituído para serem «os que podem a pagar para os que precisam» de cuidados de saúde, enfatizou, para admitir, com ironia, que a homenagem de hoje e outras dos últimos anos lhe dão «a sensação de ser póstumo, metálico e hirto», como um dia escreveu o escritor Miguel Torga, seu amigo. António Arnaut enalteceu ainda o grupo de trabalho que, sob a sua coordenação, concebeu o projeto de lei que fundou o SNS: Mário Mendes, António Gonçalves Ferreira (ambos falecidos), José Miguel Bezerra e António Leal Lopes. |