Apenas metade dos idosos aproveitaram vacinas gratuitas da gripe
3 de julho de 2014
O relatório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), divulgado esta terça-feira, aponta para uma estimativa de 49,9% de cobertura vacinal da gripe sazonal entre os idosos portugueses na última época de 2013-2014.
Os valores INSA confirmam um aumento face às épocas anteriores, mas ficam abaixo das expetativas da Direção-Geral de Saúde (DGS) que pretendia atingir uma taxa de 60%. Na população em geral e nos doentes crónicos a adesão à vacina manteve-se muito próxima dos valores registados nos anos anteriores.
Segundo o relatório divulgado pelo INSA que resume os resultados de um inquérito realizado em dezembro de 2013, a cobertura da vacina contra a gripe continua a aumentar na população mais idosa, tendo-se registado este ano um aumento de 6,5 pontos percentuais face à época anterior. Aliás, este crescimento nos últimos anos representa uma inversão da tendência geral de diminuição da administração de vacinas que se verificava desde a época 2009-2010 em Portugal e também na União Europeia. O aumento coincide também com a opção, tomada em 2012, de garantir esta vacina de forma gratuita aos portugueses com mais de 65 anos. O objetivo é atingir a taxa proposta pela OMS de 75% da população idosa imunizada.
As estimativas do INSA ficam, no entanto, abaixo das expetativas da DGS que esperava atingir uma taxa de vacinação superior a 60% entre os idosos. Um relatório do projeto Vacinómetro, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia e da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, informava em dezembro que 62% dos portugueses com mais de 65 anos já tinha tomado a vacina da gripe. Mafalda Uva, uma das responsáveis pelo relatório do INSA justifica a discrepância com as «diferentes metodologias» empregues em cada estudo e afirma que os dados reais «variam entre ambas as estimativas».
Contacada pelo “Público”, fonte oficial da DGS diz que a cobertura vacinal da população da terceira idade na época 2013/2014 está estimada em, pelo menos, 57% – estimativa que «apresenta também limitações», ressalva.
A DGS avança que cerca de 1,6 milhões de vacinas disponibilizadas através do Serviço Nacional de Saúde e das farmácias foram escoadas.
Ainda segundo o relatório do INSA, a cobertura da vacina antigripal na época 2013-2014 na população geral foi de 17,1%, sem diferença significativa face à época anterior (16,3%), revela o estudo epidemiológico, que constou de um inquérito realizado por entrevista telefónica à amostra de famílias ECOS (Em Casa Observamos Saúde), em dezembro de 2013.
A seguir aos idosos, foram os doentes crónicos quem mais tomaram vacinas contra a gripe (32,8%) e, mais uma vez, a estimativa aproxima-se da época passada (28%). No relatório do INSA pode ler-se que «as estimativas revelam um acréscimo, estatisticamente não significativo, quando comparadas com as estimativas obtidas na época anterior (2012-2013)».
A vacinação foi efetuada principalmente durante o mês de outubro (61,1%) em centros de saúde (55,7%) e em farmácias (24,3%) e foi recomendada maioritariamente pelo médico de família ou médico assistente (em 75% dos casos) e apenas em 13,8% dos casos foi por iniciativa própria.
O estudo estima que 27,9% da população portuguesa tencione tomar vacinas contra a gripe na próxima época. A estimativa sobe no caso dos idosos para 53,5%. A DGS recomenda anualmente a vacinação antigripal de grupos com risco mais elevado de desenvolvimento de complicações associadas à gripe (idosos, grávidas com mais de 12 semanas de gestação, doentes crónicos e profissionais de saúde).