A Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) associa-se à celebração do Dia Mundial da Cobertura Universal de Saúde, que se assinala dia 12 dezembro, lembrando que a cobertura universal de saúde não é universal sem cuidados para a saúde da visão acessíveis, de qualidade e equitativos.
“Não deixe a saúde de ninguém para trás: invista em sistemas de saúde para todos”, alerta a campanha de sensibilização do Dia Mundial da Cobertura Universal de Saúde.
Para Raúl de Sousa, Presidente da APLO, Portugal enfrenta “ainda muitos desafios” – os quais devem ter uma resposta célere – no que concerne ao acesso aos cuidados para a saúde da visão que são, à escala nacional e nos dias de hoje, “manifestamente insuficientes”.
No período de julho a setembro de 2021, de acordo com dados divulgados no site do Ministério da Saúde, o Tempo Máximo de Resposta Garantido no Serviço Nacional de Saúde (SNS) fixava-se em “30 dias em casos muito prioritários, 60 dias em casos prioritários e 150 dias em casos considerados normais” – números de dias, esses, não correspondentes à realidade de vários hospitais do país.
Em Portugal, 260 mil pessoas sofrem perda de visão moderada a grave e 42 mil sofrem de cegueira. Dois milhões de pessoas têm dificuldade em ver e um milhão sofre de erros refrativos.
Estima-se que 90 por cento dos casos de deficiência visual e cegueira poderiam ser evitados se referenciados e tratados atempadamente. “116 mil utentes estão em lista de espera para a consulta hospitalar da especialidade de Oftalmologia”, num país onde há “desrespeito pelos tempos máximos de resposta garantida e uma total inexistência de cuidados primários para a saúde da visão”, frisa Raúl de Sousa.
A saúde da visão deve ser incluída no planeamento, definição de recursos e prestação de cuidados de saúde.
“Para assegurar cuidados de saúde abrangentes, incluindo promoção, prevenção, tratamento e reabilitação é necessária uma ação intersectorial coordenada, para melhorar de forma sistemática e definitivamente a saúde da visão da população”, defende ainda o presidente da APLO.
A regulamentação da profissão de optometrista – não regulamentada há mais de três décadas – deve ser encarada como prioridade pelo governo uma vez que a mesma permitirá “assegurar o exercício da profissão por profissionais com qualificação e habilitações adequadas, garantir mão de obra qualificada, formação, inovação e capacidade de desempenho e permitir prestação de cuidados de saude com qualidade, segurança e prevenir a fraude”.
Em linha com a campanha de sensibilização promovida no Dia Mundial da Cobertura Universal de Saúde exorta-se todos os países, incluindo Portugal, a considerarem os cuidados para a saúde da visão como essenciais dentro da cobertura universal de saúde.
“O Covid-19 chegou a quase toda a gente, mas os cuidados de saúde ainda não. Vamos mudar esta realidade, começando agora”, apela a campanha mundial.