APOGEN apela ao Governo para que atualize preços 587

A Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN) apelou para que o Governo “atualize urgentemente” os preços do mercado concorrencial face ao aumento dos custos de produção, alertando para o desaparecimento de vários medicamentos do mercado devido à redução dos preços.

Considerando “o momento crítico” vivido pela indústria farmacêutica de medicamentos genéricos e biossimilares, a associação defendeu, em comunicado, a urgência de “garantir a sustentabilidade do setor com vista a não comprometer o acesso dos portugueses à saúde”, uma vez que as dificuldades sentidas nas cadeias de fornecimento são “cada vez mais críticas”.

Segundo a APOGEN, “as dificuldades intensificam-se devido aos preços significativamente mais baixos quando comparados com os fármacos de referência”.

“A própria sustentabilidade do setor, que tem sido sucessivamente ignorada pela tutela, vive sérias incertezas”, afirmou, citada no comunicado, a presidente da APOGEN, Maria do Carmo Neves, que acaba ser reeleita para o biénio 2023-2024.

Citando dados da autoridade nacional do medicamento (Infarmed), a associação avançou à agência Lusa que estão temporariamente indisponíveis 802 medicamentos genéricos.

“As ruturas afetam especialmente medicamentos para a hipertensão arterial, estatinas (medicamentos para redução do colesterol), antidepressivos, antipsicóticos, antiepiléticos, anticonvulsivantes, anti-inflamatórios, fármacos para o tratamento de doença de Alzheimer, ansiolíticos e inibidores da bomba de protões (medicamentos para controlo da acidez gástrica)”, refere a associação.

Maria do Carmo Neves observou que “há cerca de 20 anos que os preços dos medicamentos só têm caído”.

“No caso dos medicamentos genéricos, a redução foi superior a 67% tornando o mercado pouco ou nada atrativo, o que provocou o desaparecimento de vários medicamentos do mercado e consequente menor acesso e aumento dos custos para o cidadão e SNS”, salientou.

Perante o relato de “inúmeras ruturas de ‘stock’ de medicamentos em áreas prioritárias”, a associação defende ser fundamental que o Ministério da Saúde “olhe para o valor estratégico” desta indústria farmacêutica “na dinâmica da saúde, da inovação tecnológica farmacêutica, da economia e da sociedade portuguesa”.

A associação defende que “existem soluções que podem anular o aumento dos custos para os utentes, já bastante afetados por esta crise, uma vez que durante o ano de 2023, e seguintes, serão lançados no mercado um conjunto substancial de novos medicamentos genéricos e biossimilares, aumentando a disponibilidade financeira para uma majoração da comparticipação dos medicamentos no mercado concorrencial e maior acesso à