A APOGEN – Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares apresentou publicamente no dia 13 de outubro o Estudo de Perceção dos Medicamentos Genéricos (MG) em Portugal realizado junto de utentes, médicos de Medicina Geral e Familiar e farmacêuticos comunitários com o objetivo de saber qual o estado de adesão dos portugueses a estas terapêuticas mais custo-efetivas e o papel que os MG estão a ter e podem ainda desempenhar na saúde nacional.
O estudo pretendia aferir os determinantes, as barreiras e os facilitadores no processo de adoção dos medicamentos genéricos em Portugal, principalmente nesta fase pós-pandemia em que o País e os cidadãos enfrentam incerteza e grandes constrangimentos financeiros e o SNS – Serviço Nacional de Saúde sofre a pressão do retomar das atividades assistenciais.
Segundo o estudo desenvolvido para a APOGEN pela GfK Metris, ficou claro que existe uma opinião generalizada muito favorável aos medicamentos genéricos. Os utentes confiam, acreditam e adotam-nos, os médicos e os farmacêuticos promovem a sua utilização.
Especificamente os utentes têm uma perceção favorável sobre os medicamentos genéricos, com 85% dos inquiridos a considerar a sua existência como “positiva” ou “muito positiva”. E esta relação não foi alterada com a pandemia. Três quartos da população inquirida equiparam os medicamentos genéricos aos medicamentos originadores em termos de qualidade, eficácia, segurança e regulação/controlo e afirmam seguir a terapêutica se prescrita/recomendada pelo médico.
Também 80% dos médicos de Medicina Geral e Familiar consideram que a existência de medicamentos genéricos é “positiva” ou “muito positiva”, destacando como principal vantagem o preço. Para os médicos de Medicina Geral e Familiar existem três fatores decisivos para a prescrição destas soluções terapêuticas: a condição económica do doente, a diferença de preço e as classes terapêuticas.
Contudo, apesar dos medicamentos genéricos já existirem em Portugal há mais de 20 anos e sob a mesma regulamentação legal dos medicamentos originadores, um terço dos médicos de Medicina Geral e Familiar inquiridos apresenta algumas reservas sobre a qualidade/eficácia e um quarto sobre a composição dos medicamentos genéricos em relação aos originadores.
Também os farmacêuticos comunitários têm uma perceção favorável aos medicamentos genéricos com a quase totalidade a recomendar estas soluções e apenas 4% só quando os utentes pedem a opinião. Os inquiridos consideram que as caraterísticas destes medicamentos são equiparadas aos medicamentos de referência. Entre os fatores positivos apontam o melhor preço para os utentes e a rentabilidade para as farmácias considerando, no entanto, que existem demasiadas marcas e flutuação de preços, pelo que metade dos farmacêuticos considera que o laboratório é um fator importante na seleção dos medicamentos genéricos.
Da leitura do estudo conclui-se que existe ainda margem de progressão na adoção destas terapêuticas que, só nos últimos 10 anos, já permitiram libertar recursos das famílias e do SNS no valor de quase 4,3 mil milhões de euros para serem aplicados na inovação em saúde. Um valor que corresponde a quase 2 anos de despesa do Serviço Nacional de Saúde com medicamentos.
Maria do Carmo Neves, presidente da direção da APOGEN, desafia todos os intervenientes do setor a unirem-se para “conseguir que estas tecnologias de saúde representem em Portugal níveis de adoção idênticos aos encontrados nos países europeus mais desenvolvidos economicamente.” Neste momento, a quota de mercado em Portugal é de cerca de 49%, o que significa que apenas 5 em cada 10 utentes beneficiam dos medicamentos genéricos. A presidente acrescenta: “Para que mais portugueses tenham acesso à saúde, em 5 anos temos de ser capazes que, no mínimo, 6 utentes em cada 10 possam beneficiar das vantagens dos medicamentos genéricos.”
“Considerando que, no caso nacional, as despesas das famílias, em relação à saúde, são das mais altas na Europa, a evolução da quota dos medicamentos genéricos representa uma oportunidade em crescimento, já que a sua elevada adesão espelha um importante indicador de desenvolvimento social” reforça Maria do Carmo Neves, presidente da APOGEN, entidade que encomendou o estudo.
Conferência: Desafios Genéricos da Saúde
As conclusões do estudo foram apresentadas hoje na Conferência “Desafios Genéricos da Saúde”, em parceria com o Jornal Expresso, no âmbito do projeto “Repensar a Saúde”. Na conferência, onde participaram os representantes das principais entidades do setor, foi unânime a opinião de que os medicamentos genéricos são um fator inquestionável de acesso a mais e melhor saúde e de sustentabilidade do SNS.
Os medicamentos genéricos
Os medicamentos genéricos garantem o acesso a tratamentos de elevada qualidade, segurança e eficácia para os utentes, contribuindo para o bem-estar da população. O investimento nestas soluções permite alocar mais recursos ao SNS, criar mais postos de trabalho e contribuir para a economia portuguesa através das exportações e de um maior equilíbrio da balança comercial do medicamento. Deste modo, os medicamentos genéricos são uma solução que gera maior sustentabilidade e eficiência financeira ao SNS e às famílias portuguesas, já que criam importantes mais-valias e facilitam uma gestão equilibrada dos recursos existentes.
Contributo económico
As empresas associadas da APOGEN empregam mais de 3000 trabalhadores e representam 5 dos maiores produtores de medicamentos em Portugal, sendo as principais responsáveis pelos 1,5 mil milhões de euros de exportações anuais. Os produtores de medicamentos genéricos e biossimilares investem até 17% da sua faturação em investigação e desenvolvimento. Os medicamentos genéricos são soluções de primeira linha para a maioria das doenças crónicas, nomeadamente diabetes, colesterol elevado e hipertensão.