A Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN), emitiu um comunicado, preocupada com a insustentabilidade do setor, devido ao aumento global dos custos, alertando para o risco da falta de fornecimento de medicamentos essenciais.
A “subida abrupta da taxa de inflação, dos preços da energia – combustíveis e eletricidade – e das matérias, equipamentos e ferramentas, para a produção de medicamentos genéricos e biossimilares, podem pôr em causa o regular funcionamento das cadeias de abastecimento e as condições de sustentabilidade do sector, assim como o acesso à saúde em áreas terapêuticas prioritárias”, indica a APOGEN, na nota divulgada.
“A pandemia agudizou uma série de vulnerabilidades que contribuíram para uma espiral crescente dos custos de produção e o impacto da guerra na Ucrânia está a ter um efeito exponencial no aumento dos custos”, afirma Maria do Carmo Neves, presidente da APOGEN, salientado que são necessárias “medidas urgentes para assegurar a sustentabilidade da cadeia de produção dos medicamentos genéricos e biossimilares”.
A responsável sublinha ainda as “sérias dificuldades” enfrentadas pelos associados e responsabiliza os governos, por ignorarem sucessivamente a situação dos produtores.
Com o intuito de evitar a possibilidade de escassez de medicamentos, a prioridade da APOGEN é garantir políticas que promovam mais eficiência no acesso a terapêuticas.
Para a presidente da APOGEN é “urgente rever o modelo de preço e comparticipação, que força a uma descida abrupta do valor dos medicamentos genéricos e biossimilares, não cobrindo, muitas vezes, os custos de produção e que desincentivam a produção de medicamentos que promovem e contribuem para o maior acesso dos portugueses à saúde, assim como para a redução da despesa do Estado em medicamentos”.
A associação vê também a “necessidade de garantir a previsibilidade de mercado e a harmonização da contribuição extraordinária sobre a indústria farmacêutica dos medicamentos genéricos e biossimilares de 14,3% no mercado hospitalar para 2,5%, em linha com a taxa aplicada aos medicamentos genéricos em ambulatório”.
A APOGEN deixa ainda o alerta de que “o potencial desaparecimento de muitos medicamentos genéricos e biossimilares em Portugal conduzirá a uma maior desigualdade social, devido à iniquidade de acesso, e compromete, também, o acesso da população a medicamentos verdadeiramente inovadores porque a sustentabilidade do SNS ficará seriamente comprometida”.