APOGEN: Biossimilares revolucionaram acesso terapêutico nas doenças inflamatórias do intestino 393

No Dia Mundial da Doença Inflamatória do Intestino, comemorado ontem, a Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN) realça o percurso favorável dos medicamentos biossimilares nesta patologia e noutras áreas, especialmente no maior acesso terapêutico e na sustentabilidade dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), apesar do pleno potencial continuar aquém.

A associação, representada pela sua presidente, Maria do Carmo Neves, reforça que os medicamentos biossimilares já são amplamente usados noutras patologias autoimunes e crónicas, nomeadamente na diabetes, na oncologia, nas perturbações do crescimento ou na psoríase, tendo demonstrado uma elevada qualidade, eficácia e segurança.

Presentes em Portugal desde 2008 (em 2006 na Europa), existem atualmente 18 medicamentos biossimilares em comercialização. Estes são uma alternativa terapêutica, mais custo-efetiva, que garantem maior acessibilidade, ou seja, mais doentes tratados. Até 2022 os medicamentos biossimilares permitiram um aumento da acessibilidade superior a 46%. No caso da Doença Inflamatória do Intestino, o infliximab aumentou a acessibilidade em 154% e o adalimumab proporcionou que mais 2200 doentes fossem tratados entre 2018 e 2021. “É a democratização do acesso à saúde, são mais pessoas tratadas e o contributo para aumento da esperança média de vida” refere a APOGEN em comunicado, representada pela sua presidente Maria do Carmo Neves.

Na Europa, desde 2006, os medicamentos biossimilares proporcionaram 5.8 mil milhões de dias de tratamento e representam uma oportunidade crescente para a pessoa com doença porque mais de 110 medicamentos biológicos irão perder a patente até 2032. A Europa é líder global na utilização de medicamentos biossimilares representando 52% do mercado global. Em 2028 os medicamentos biossimilares representarão mais de 50% dos medicamentos não protegidos por patente.

Em 10 anos, em Portugal os medicamentos biossimilares libertaram mais de 140 milhões de euros para o Estado. A nível europeu, a adoção destes fármacos já permitiu libertar mais de 50 mil milhões de euros, constituindo uma oportunidade para contribuir para a gestão dos custos crescentes com medicamentos biológicos. Só em 2023, os recursos libertados com estas moléculas biológicas permitiram ultrapassar os 10 mil milhões de euros.

Ainda que exista uma evolução favorável com o aumento do conhecimento sobre este tipo de medicamentos, também refletida através da realização de ações conjuntas com o regulador, a responsável da APOGEN considera que “Em Portugal continuam a existir desafios na utilização dos medicamentos biossimilares, em particular dúvidas que limitam a confiança dos prescritores, impedindo a maior adoção destas tecnologias de saúde no SNS, pelo que devemos continuar o trabalho de divulgação, formação, esclarecimento e sobretudo nos sistemas eletrónicos de prescrição garantir que existe informação de apoio ao prescritor”.

De acordo com o relatório de monitorização do consumo de medicamentos em meio hospitalar do INFARMED, I.P., a adoção de medicamentos biossimilares está estagnada desde maio de 2022, altura em foi apresentado o estudo sobre os “Determinantes, barreiras e facilitadores da utilização de Medicamentos Biossimilares nos hospitais públicos” da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa.

Algumas das soluções passam por “fomentar uma melhor gestão, comunicação e educação sobre estes fármacos junto dos profissionais de saúde e dos utentes, de modo a gerar mais confiança e facilitar a sua utilização”, conclui a presidente da APOGEN.