App portuguesa auxilia diagnóstico precoce da doença de Parkinson
09 de maio de 2018 Uma equipa de Lisboa está a desenvolver uma aplicação para smartphones que auxilia os profissionais de saúde no diagnóstico precoce da doença de Parkinson, projeto que venceu uma maratona no Porto de programação tecnológica. A doença de Parkinson é uma patologia «que tira a qualidade de vida dos doentes e das famílias, atingindo um número elevado de pessoas», disse à “Lusa” Ana Sousa, membro da equipa EyeBrain, vencedora da 3.ª edição da maratona de programação tecnológica HackForGood, que teve lugar no Porto no último fim de semana. Segundo indicou, a doença de Parkinson é uma patologia neurodegenerativa, relacionada com um desequilíbrio no sistema nervoso autónomo – composto pelos sistemas nervosos simpático e parassimpático -, que é responsável por gerir a dinâmica pupilar. Ana Sousa explicou que a dinâmica pupilar altera-se quando indivíduos com Parkinson são expostos a estímulos externos, como é o caso dos estímulos luminosos. Para ajudar num diagnóstico precoce da doença, a equipa EyeBrain, constituída por seis elementos da empresa tecnológica Compta, desenvolveu uma aplicação para ‘smartphones’, que grava e analisa a dinâmica pupilar dos utilizadores. Recorrendo à camara fotográfica do ‘smartphone’, a aplicação grava um vídeo de 15 segundos à cara utilizador, durante os quais é lançado um estímulo luminoso através do ecrã, com o objetivo de detetar alterações na dinâmica pupilar. A aplicação, referiu, envolve um algoritmo que analisa o vídeo, monitorizando a variação da dinâmica pupilar e verificando se existem indícios da doença. A solução desenvolvida permite igualmente um acesso «mais clínico», que poderá ser feito, por exemplo, por entidades ligadas ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), que conseguem aceder ao histórico do paciente e, assim, encaminhá-lo para exames clínicos específicos, caso as medições apontem para essa necessidade. «Basta que o utilizador faça uma medição de três em três meses, porque não é de um dia para o outro que existem as manifestações», referiu a responsável, acrescentando que são necessárias monitorizações a longo termo. O objetivo deste projeto, continuou Ana Sousa, é conseguir auxiliar num diagnóstico precoce da doença. Até ao momento a equipa desenvolveu um protótipo, que será afinado ao nível do algoritmo e da arquitetura do sistema. A 3.ª edição da maratona de programação tecnológica HackForGood, promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian, decorreu pela primeira vez no Porto, no Palácio dos Correios, no sábado e domingo, e incidiu sobre o bem-estar dos jovens, dos idosos, dos migrantes e dos refugiados. Com a conquista no evento científico, a equipa EyeBrain terá acesso a um programa de acompanhamento e mentoria e à possibilidade de apresentar o seu trabalho na conferência Web Summit, que acontece em Lisboa, entre os dias 27 a 29 de novembro. O HackForGood 2018 deu início à “Semana Start&Scale 2018”, uma semana do empreendedorismo, inovação e tecnologia, promovida pela Câmara do Porto. |