O Ministério da Saúde da Costa do Marfim anunciou hoje que as autoridades locais apreenderam perto de 400 toneladas de medicamentos falsificados nos últimos dois anos no país.
«Durante os últimos dois anos, 385 toneladas de medicamentos falsificados, e representantes – para a indústria farmacêutica – de uma perda financeira de 100 mil milhões de FCFA (cerca de 152 milhões de eros) foram apreendidos», afirmou Ablé Ekissi, inspetor do Ministério da Saúde.
As declarações do membro do Ministério foram feitas na cerimónia de lançamento de uma campanha de luta contra a venda de medicamentos falsificados na Costa do Marfim, um movimento iniciado pela farmacêutica francesa Sanofi.
«Na Costa do Marfim, entre 30% a 40% dos medicamentos são comprados na rua. Têm a reputação de serem mais baratos, são, na melhor das hipóteses, ineficazes, na pior das hipóteses, há perigo tóxico e até mesmo mortal para os que os consomem», afirmou Abderrahmane Chakibi, diretor-geral da Sanofi para a África subsaariana francófona, na cerimónia.
A campanha para «a mudança de comportamentos sobre o perigo da utilização de medicamentos de rua» irá mobilizar um camião que percorrerá as dez comunas de Abidjan e três cidades do interior do país até 13 de outubro.
França, uma das parceiras da campanha, denunciou «um comércio fatal de medicamentos falsificados que continua a florescer», quase nove anos desde que o ex-presidente francês Jacques Chirac lançou o Apelo de Cotonou, para o combate às drogas falsas.
«Não estamos a falar de pequenos traficantes, o tráfico de medicamentos falsificados pode ser 40 vezes mais lucrativo que a droga, e alimenta redes reais de crime organizado», afirmou o embaixador francês na Costa do Marfim, Gilles Huberson, que considera «imperativa» a cooperação internacional e a mobilização das alfândegas e da justiça.
Para combater o tráfico, França vai «acompanhar» a Costa do Marfim na criação da primeira autoridade costa-marfinense para a regulação dos medicamentos, que também é a primeira na África Ocidental francófona e que estará encarregue de «rastrear medicamentos de qualidade».
O uso de medicamentos falsificados provoca a morte de mais de 100.000 pessoas por ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
De acordo com a agência “Lusa”, cerca de 42% dos medicamentos em circulação na África subsaariana são falsificados, o que tornou essa região a mais afetada por esse tráfico, controlado pelo crime organizado.
A capital do país, Abidjan, é um dos principais mercados de produtos ilícitos da África Ocidental.
Os traficantes aproveitam a impunidade do tráfico de medicamentos falsificados, visto que é um simples delito e considerado uma violação de propriedade intelectual. Ainda assim, resulta em centenas de milhares de mortos todos os anos, de acordo com o Instituto Internacional de pesquisa contra as falsificações de medicamentos (Iracm), com sede em Paris.