Arménio Carlos acusa Governo de estar a «matar» o Serviço Nacional de Saúde 464

Arménio Carlos acusa Governo de estar a «matar» o Serviço Nacional de Saúde

11-Fev-2014

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) «está doente» porque o Governo está a degradá-lo conscientemente, acusou ontem o secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, durante uma concentração contra as deficientes condições de funcionamento do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra).

«Este Governo, tal como em outras áreas, já ultrapassou em muito a linha vermelha no que respeita ao Serviço Nacional de Saúde. Este Governo está a fazer uma política que está a matar os portugueses», afirmou Arménio Carlos.

O líder sindical considerou que o Governo está «a matar» as pessoas ao cortar nos apoios sociais e no acesso ao SNS, quando os utentes têm de esperar 12 horas nas urgências ou 20% dos idosos não têm dinheiro para comprar a totalidade dos medicamentos prescritos pelos médicos.

Arménio Carlos considerou que o ministro da Saúde não está preocupado com a sustentabilidade financeira do SNS, mas «em fazer cortes cegos, que colocam neste caso concreto, a economia à frente das pessoas». Os portugueses pagam o SNS com os seus impostos, salientou o dirigente da CGTP-IN, e por isso precisam «que o Estado cumpra com as suas obrigações», citou a “Lusa”.

O atual SNS tem futuro, mas existe uma outra lógica associada à degradação da prestação de cuidados de saúde, que passa pela «promiscuidade do privado que quer, mais uma vez, entrar numa área de negócio que movimenta milhões de pessoas e movimenta biliões de euros».

A saúde pode ser um negócio para os grupos económicos, mas «para os portugueses não é um negócio, é uma necessidade», frisou Arménio Carlos, garantindo que a central sindical não se calará na defesa do SNS numa altura em que se comemoram 35 anos sobre a sua criação.

«O Governo já ultrapassou em muito as marcas de respeito pela Constituição e, por isso mesmo, é um Governo que está fora da lei. E estando fora da lei não pode nem merece continuar a governar, para bem de Portugal», defendeu o sindicalista, apontando para a demissão do atual executivo e convocação de eleições antecipadas.

A aposta nos cuidados primários e a melhoria do atendimento nos centros de saúde são, segundo a CGTP-IN, prioridades para travar a degradação do SNS, pelo que a central sindical convocou para 27 de fevereiro uma marcha para São Bento, com três pré-concentrações junto aos ministérios da Saúde, da Educação e do Trabalho.

Pilar Vicente, da Plataforma Lisboa em Defesa do Serviço Nacional de Saúde, lamentou que os problemas sentidos nas urgências do hospital de Amadora-Sintra, e de outras unidades, sejam «um reflexo da destruição das condições» nos serviços de retaguarda, com «encerramento de muitos serviços e degradação dos cuidados primários de saúde».

A dirigente da plataforma, que mobilizou quatro dezenas de pessoas para a concentração em frente ao Hospital Fernando Fonseca, criticou a degradação do SNS, através da fuga de médicos mais qualificados e a contratação de empresas para os substituir por profissionais com menos experiência. Nos últimos dois anos, exemplificou Pilar Vicente, reformaram-se 640 médicos, chefes de serviço.

Os profissionais, alertou, «são perseguidos, sentem-se desmotivados e desmoralizados e há um clima instituído de medo, de perseguição, de autêntica ditadura dentro de todo o regime da saúde».

A falta de um hospital em Sintra leva a uma sobrecarga sobre as urgências do Fernando Fonseca, cenário que, segundo a dirigente da plataforma, agravado com o encerramento de serviços de atendimento permanente em Sintra, ao fim de semana, obriga os utentes a terem de recorrer às urgências do Amadora-Sintra.