Artrite reumatoide: Medicamento criado na UMinho pode aumentar o tempo entre a administração de injeções 395

Um medicamento criado na Universidade do Minho (UMinho) para a artrite reumatoide vai começar a ser testado em doentes, após um primeiro ensaio clínico ter sido realizado com sucesso em voluntários saudáveis.

A inovação é fruto de 15 anos de investigação da equipa de Artur Cavaco-Paulo no Centro de Engenharia Biológica (CEB) da UMinho, que, entretanto, originou a spin-off, Solfarcos, em Braga.  Desde 2016/17, que conta com a parceria da BlueClinical na regulamentação e da Bluepharma, com a colaboração da Stemmatters, no fabrico e controlo de qualidade do medicamento em questão.

O novo fármaco, segundo explica a UMinho, em comunicado, citado pelo Diário do Minho, “baseia-se na molécula de metotrexato, a referência no tratamento da artrite reumatoide e de várias doenças autoimunes e cancerígenas”.

Neste sentido, a “nova tecnologia encapsula o metotrexato num lipossoma (nanopartícula de gordura), que tem uma molécula sinalizadora à sua superfície para direcionar a libertação da substância ativa nas articulações inflamadas pela artrite reumatoide. Na prática, atua apenas nas células doentes e a encapsulação nos lipossomas aumenta o tempo em circulação do metotrexato e evita picos de concentração no sangue. Isso permite uma dose muito mais baixa para produzir um efeito similar ao do medicamento convencional e reduz os efeitos secundários”.

Haver uma libertação controlada da substância ativa nas articulações inflamadas, pode modificar a administração da atual terapia de uma injeção semanal de metotrexato para quinzenal ou mensal e com menos efeitos adversos.

A reunião inicial do ensaio clínico de Fase II de prova de conceito juntou as equipas clínicas (reumatologistas, médicos internos, enfermeiros, farmacêuticos) afetas ao Centro Clínico Académico de Braga e às unidades locais de saúde do Alto Minho, do Alto Ave, de São João, de Gaia e Espinho, da Guarda, da Região de Aveiro e da Região de Leiria, além de representantes da BlueClinical e da Bluepharma. O ensaio durará cerca de 12 meses e os pacientes vão ser continuamente monitorizados.

Não há, contudo, previsão quando o medicamento poderá chegar ao mercado.