Começou esta quinta-feira a 2.ª edição da Medical Cannabis Europe Conference. A iniciativa, promovida pelo LEF e pela consultora Stepwise, acontece durante dois dias na sede da Associação Nacional das Farmácias (ANF) e conta com mais de 20 oradores que debatem o uso da canábis para fins medicinais em Portugal e na Europa.
“No recente mercado de introdução de substâncias com canábis, as farmácias estiveram na linha da frente. Desde o momento em que as primeiras prescrições foram escritas, as farmácias dispensaram estas substâncias de forma segura e cuidada, suportada em informação científica atualizada e rigor habitual aplicável”, explicou a presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), na sessão de abertura do evento a que o Netfarma assistiu.
Ema Paulino garantiu que “as farmácias estão prontas para preparar e desenvolver as melhores práticas no uso da canábis medicinal e fazer do nosso país um exemplo de coleção de evidências sobre o benefício do seu uso”. Já Carla Dias, presidente do Observatório Português da Canábis Medicinal, afirmou que a entidade é contactada por “muitos pacientes nacionais”, que não vêm satisfeitas as suas necessidades: “a minha missão é encontrar formas de promover um acesso seguro de produtos em farmácias”, assegurou a responsável.
“Estamos numa situação onde temos uma indústria para a produção de canábis principalmente para exportação, porque o mercado em Portugal é muito incipiente”, referiu o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF). Para Helder Mota Filipe, a perceção deste género de produtos “não é um problema” para os farmacêuticos, assim que esteja garantida a sua “qualidade e segurança”. O bastonário da OF acredita que “os farmacêuticos estão prontos para fazer parte deste ciclo de vida”, mas reforçou uma “clara separação do uso terapêutico e recreativo”.
Noutro sentido, João Taborda Gama ainda expôs que “a separação entre o uso médico e recreativo não é assim tão clara como parece”. O advogado e docente universitário lembrou os cidadãos que, através do mercado ilegal, “usam a canábis para relaxar, dormir melhor e lidar com a ansiedade” e deixou uma questão à audiência: “serão estes usos recreativos ou médicos? Quando incluímos a saúde mental, não é preto no branco”.
Fora de Portugal, existem outros 11 países europeus onde a canábis para fins medicinais é legal. O destaque vai para a República Checa, “um dos países mais avançados da União Europeia”, onde desde o dia 1 de janeiro deste ano as plantas de canábis passaram contar com até 1% de tetrahydrocannabinol (THC) na sua industrialização, demonstrou Rita Prazeres, da Clever Leaves. Para lá da Alemanha, “um mercado com grande potencial”, também a Ucrânia foi salientada. Com a invasão por parte da Rússia, a legalização da canábis medicinal parece cada vez mais próxima, como forma de ajudar os pacientes a lidar com o stress pós-traumático.
A 2.ª edição da Medical Cannabis Europe Conference conta com a parceria mediática do Netfarma e da revista Marketing Farmacêutico, onde a temática será aprofundada na próxima edição impressa.