Um estudo realizado por cientistas da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e que foi publicado na revista Science Daily, indica que a aspirina pode prolongar a vida de quem tem cancro de mama.
Estudos anteriores já tinham relacionado a aspirina e o cancro de mama, e demonstrado que algumas mulheres que utilizam este medicamento e que posteriormente são diagnosticadas com a doença vivem mais, o que pode estar relacionado com os efeitos anti-inflamatórios da aspirina.
No entanto, estes estudos também tinham constatado que uma percentagem de mulheres com cancro de mama que consumiam aspirina corriam maior risco de mortalidade.
Segundo esta nova análise feita, comprova-se que o medicamento reduz o risco de morte, por cancro ou por qualquer outra causa, em mulheres cujo DNA estava modificado (na região que controla o gene BRCA1, gene relacionado ao cancro de mama).
A metilação é um processo que dirige quando e como são ativados e desativados os genes que controlam o desenvolvimento do organismo. Esta é essencial no desenvolvimento e no envelhecimento de um organismo e desempenha um papel crucial em várias doenças e na progressão de praticamente todos os tipos de cancro.
E foi isso que os cientistas questionaram: se a metilação do DNA poderia influenciar nos efeitos da aspirina em doentes com cancro de mama.
Para isso, foi examinada a metilação do DNA em tecidos de tumores de mama, incluídas partes do DNA que controlam a expressão de 13 genes vinculados ao cancro de mama, e também nas células que circulam no sangue das pacientes.
Nas mulheres que usaram aspirina, o risco de morrer por qualquer causa e o risco de morrer de cancro de mama foi menor entre aquelas cujo DNA não estava metilado – modificado – na região que controlava a expressão do gene BRCA1, um gene relacionado com o cancro de mama.
Sendo assim, quem tem esta modificação no DNA poderia beneficiar da aspirina. Contudo, os cientistas defendem que serão necessárias análises mais aprofundadas para comprovar a real eficácia da aspirina em relação ao cancro de mama.
Além de conhecer melhor os mecanismos biológicos subjacentes do uso da aspirina no cancro, esta pesquisa, “se for confirmada”, poderia impactar na tomada de decisões clínicas ao identificar um subgrupo de pacientes usando marcadores epigenéticos – influenciados pelo ambiente.
A pesquisa contou com 1.266 mulheres diagnosticadas com cancro de mama, das quais 202 faleceram devido ao cancro da mama e 476 faleceram por diversas causas.
O cancro de mama é a segunda maior causa de morte no mundo. Em 2018, morreram mais de 9,6 milhões de pessoas com esta doença.