Associação de cuidados paliativos desafia DGS a formar profissionais de saúde 593

Associação de cuidados paliativos desafia DGS a formar profissionais de saúde

12 de Outubro de 2015

O presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), Manuel Luís Capelas, lançou um repto à Direção-Geral da Saúde para interceder junto do Ministério da Educação para que todos os profissionais de saúde tenham formação em cuidados paliativos.

 

«Lancei o repto à Direção-Geral da Saúde» no sentido de interceder «junto das entidades competentes (Ministério da Educação e Ciência) para que faça pressão» no sentido de criar «alguma regulamentação que “obrigue” todas as faculdades de Medicina e as escolas superiores de enfermagem» a ter formação básica em cuidados paliativos, disse Manuel Luís Capelas.

 

Este apelo vai no seguimento de recomendações feitas em todos os relatórios nacionais e internacionais desta área, segundo as quais «é fundamental, imperioso e necessário» que se faça uma «formação em massa de todos os profissionais que intervêm nos cuidados de saúde», adiantou o especialista, que falava à agência “Lusa” a propósito do Dia Mundial dos Cuidados Paliativo.

 

Para Luís Capelas, a formação dos profissionais de saúde é uma necessidade premente devido ao envelhecimento da população.

 

«O paradigma do doente agudo já deixou de existir. Neste momento temos cada vez mais pessoas com doença crónica, pessoas cada vez mais idosas, pessoas cada vez com mais dependência dos serviços de saúde», sustentou.

 

Para o especialista, a resposta «integrada e adequada» para estes doentes «é incorporar os cuidados paliativos nos cuidados a estes doentes».

 

Para isso, os profissionais «precisam, pelo menos, de estar formados sobre o que são os cuidados paliativos, se não continuamos a achar que são carinho, conforto», e servem apenas para dar morfina.

 

«Se conhecermos as unidades de cuidados paliativos, se formos aos locais, se conhecermos aquilo de muito bom se faz neste país, seja a nível público ou privado», e a nível internacional vamos ver doentes com prognósticos de vida superiores a anos, elucidou.

 

Daí a importância da referenciação precoce dos doentes: «Quanto mais cedo forem sinalizados e referenciados melhores são os resultados que se obtêm, seja em termos de impacto da saúde, na qualidade de vida dos doentes, na família», mas também no próprio sistema de saúde.

 

O lema deste ano do Dia Mundial dos Cuidados Paliativos é “Vidas Ocultas, Doentes Esquecidos” e tem como alvo «populações que pelas suas características de vida e doença se vêm muitas vezes ignoradas e esquecidas, quando preenchem todos os requisitos para serem encaminhadas e usufruírem de cuidados paliativos».

 

Este data é importante para «alertar para a necessidade da acessibilidade universal e equitativa de todas as pessoas aos cuidados paliativos», salientou Luís Capelas.

 

Em Portugal, estima-se que, anualmente, 60 mil doentes necessitem destes cuidados, mas apenas cerca de 2.500 recebem este tipo de apoio por ano.

 

Segundo dados divulgados pela APCP, 64% das pessoas com doença prolongada e incurável morrem nas camas hospitalares sem acesso a cuidados domiciliários.