Associação defende que os lares, as juntas de freguesia e as empresas devem mobilizar-se para a única forma de sair dos confinamentos: esmagar a curva! 276

A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), numa altura em que todos reconhecem a necessidade de medidas imediatas de ataque à pandemia, considera que, para combater a atual situação, para além das medidas de confinamento, é preciso garantir o acesso generalizado aos testes de deteção da infeção. A técnica dos testes rápidos por zaragatoa ou de saliva é semelhante à dos testes de gravidez, podem ser feitos pela própria pessoa e dão a conhecer o resultado entre 10 a 15 minutos.

A APDP defende e pratica medidas de confiança nas pessoas, pois são as principais interessadas na sua própria saúde. Há quase 100 anos, a APDP conseguiu com que as pessoas com diabetes passassem a auto-injetarem-se com um medicamento que lhes podia fazer grande mal, se não fosse devidamente ajustado. Mas as pessoas com diabetes acreditaram, tiveram coragem e ainda hoje o fazem diariamente. Não era possível substituí-las, tal como hoje não é possível evitar que as pessoas se testem a si próprias.

Para a APDP, levar as pessoas a participar no controlo da sua situação de saúde é a melhor estratégia: “veja-se o exemplo da medição da glicemia na diabetes ou dos testes do HIV. São as próprias pessoas que o fazem, participando e responsabilizando-se. Pedir às pessoas para serem agentes de saúde pública também é isto. É dar-lhes confiança e não tratá-las como incapazes. As pessoas querem, podem e sabem fazer mais. A política de saúde não pode ficar exclusiva dos agentes de saúde, tem de envolver e mobilizar a comunidade”, defende José Manuel Boavida, presidente da APDP, acrescentando que “desafiamos o Governo a rapidamente agilizar todo este processo. Em tempo de guerra, não se limpam armas, usam-se”.

A associação defende assim o acesso dos auto-testes por zaragatoa ou de saliva nas farmácias e a definição pelo Infarmed de um preço máximo para evitar a especulação e controlar os preços. É ainda defendido que os lares, as juntas de freguesia e as empresas devem mobilizar-se para a única forma de sair dos confinamentos: esmagar a curva.

Para o diretor clínico da APDP, João Filipe Raposo, “não existe quaisquer riscos em adotar os auto-testes, podem inclusivamente incentivar ao auto-isolamento consciente. Todos os resultados positivos teriam de ser comunicados à Saúde 24, que encaminharia as pessoas consoante a sua situação. Os auto-testes são instrumentos facilitadores e transmitem confiança às pessoas. É preciso confiar nas pessoas para que as pessoas se sintam incluídas e motivadas para participarem no esforço de combate à pandemia. Aprendemos com a diabetes, aprendemos com o HIV, as pessoas apoiadas e treinadas sabem tomar conta de si.”