Associação Nacional de Continência e Disfunção Pélvica trabalha com doentes, profissionais de saúde, indústria, escolas e legisladores 685

Associação Nacional de Continência e Disfunção Pélvica (ANCDP) é a designação formal da nova organização nacional de doentes que sofrem de incontinência e/ou disfunções do pavimento pélvico. A associação é lançada a propósito da Semana Mundial da Continência, que se assinala entre os dias 21 e 25 de junho.

“A incontinência é uma situação absolutamente devastadora, sofrida em silêncio, pela enorme vergonha e humilhação de quem sofre. Pode afetar completamente a qualidade e o estilo de vida e condicionar repetidas faltas ao trabalho e a todos os outros compromissos pessoais, familiares e sociais. Pode comprometer em definitivo um emprego ou uma carreira profissional, destruir a vida íntima e conjugal, levar ao isolamento e a problemas psicológicos gravíssimos. É mais frequente do que se pensa, e, tendo em conta o aumento da esperança média de vida, é uma doença cuja incidência e prevalência tenderão a aumentar nas próximas décadas”, explica José Assunção Gonçalves, cirurgião geral no Grupo Luz Saúde e Presidente da Direção da ANCDP.

Criar visibilidade para os problemas associados à perda de continência e disfunção do pavimento pélvico, encorajando o debate público e aberto e a quebra de estigma e tabus associados a estas doenças são assim os principais objetivos desta nova Associação. A sua missão passa então por contribuir para a melhoria das condições de vida dos doentes afetados por estes problemas, nomeadamente na integração social e comunitária destes.

“Apesar de as incontinências serem um verdadeiro problema de saúde pública com gravíssimo impacto na qualidade de vida e dignidade das pessoas afetadas, existe ainda muita dificuldade em falar sobre o assunto e procurar ajuda médica. Uma associação de doentes deverá constituir um fórum de discussão, possibilitar um melhor conhecimento e divulgação do problema, permitindo que mais doentes sejam adequadamente tratados”, refere Ricardo Pereira e Silva, urologista no Hospital de Santa Maria – Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte.

Para isso, a ANCDP, que conta ainda com a colaboração dos médicos Ana Povo, cirurgiã no Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, e Paulo Temido, urologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, trabalha diretamente com doentes/cidadãos, profissionais de saúde, indústria, escolas e legisladores, promovendo a informação, consciencialização e capacitação dos doentes, familiares, cuidadores e sociedade civil em relação a estas doenças e ao seu impacto.

Entre outras ações, esta nova associação pretende também realizar um trabalho colaborativo com outras organizações de forma a aumentar o impacto das iniciativas realizadas, apoiando mudanças que poderão ser relevantes a nível mundial.

O objetivo final passa por criar um mundo onde as pessoas que vivem com formas de disfunção do pavimento pélvico possam usufruir de qualidade de vida, desempenhar um papel ativo na sociedade e ter acesso a tratamentos adequados.

“É fundamental passar a mensagem aos doentes de que existe tratamento, mas também sensibilizar a sociedade em geral para esta condição altamente comprometedora da dignidade humana”, acrescenta José Assunção Gonçalves.