Doze associações de doentes escreveram uma Carta Aberta aos decisores políticos a exigir a continuidade da entrega de proximidade da medicação hospitalar a todas as pessoas que vivem com doenças crónicas, refere a Ordem dos Farmacêuticos (OF), que cita o documento.
“É preciso passar das palavras da lei à operacionalização do processo com a devida monitorização e auditoria”, defendem os signatários, que entendem que o Despacho n.º 5315/2020, que determina que os medicamentos dispensados por farmácia hospitalar em regime de ambulatórios podem ser dispensados, a pedido dos utentes, nas farmácias comunitárias ou no seu domicílio, continua em vigor, bem como a Circular Normativa do Infarmed n.º 005/CD/550.20.001. No entanto, referem que estes não são suficientes para garantir a entrega de proximidade dos medicamentos hospitalares aos doentes que deles necessitam.
O serviço instituído durante a pandemia de covid-19 era “uma necessidade identificada há muitos anos”, recordam os signatários, mas foi interrompido em muitas unidades hospitalares do país no final de maio, voltando a provocar importantes constrangimentos a estes utentes.
A carta assinada por dirigentes de doze associações de doentes refere que a interrupção levou a que muitas pessoas ficassem sem acesso de proximidade à sua medicação hospitalar. “Voltaram a ter que se deslocar dezenas a centenas de quilómetros”, outros, “por medo ou dificuldades económicas, deixaram mesmo de tomar os medicamentos que são essenciais para controlar a sua doença”, pode ler-se na carta.
“As respostas, que, entretanto, surgiram, foram criadas de forma discricionária pelos grandes centros hospitalares, mas ainda assim, muitas vezes, sem garantir o acesso universal a todos os utentes”, acrescentam, dando como exemplo as dificuldades dos hospitais de Santarém, Évora ou Faro encontrar uma alternativa.
O Ministério da Saúde remeteu a apresentação de uma resposta concreta para o mês de setembro, pelo que as associações de doentes sugerem a criação de um grupo de trabalho para redesenhar o serviço e exigem a sua implementação antes do início do próximo inverno.
Leia a Carta Aberta das associações de doentes aos decisores políticos.