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Associações europeias exigem adoção de novos medicamentos em oncologia pediátrica

 


11 de dezembro de 2017

Mais de 40 associações europeias na área da oncologia pediátrica, entre as quais a Acreditar, exigem à Comissão Europeia que tome «medidas urgentes» que promovam a investigação e a adoção de novos medicamentos na área do cancro pediátrico.

Numa carta enviada esta semana ao Comissário Europeu da Saúde, Vytenis Andriukaitis, a Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro e as suas 42 congéneres europeias, representadas pela Childhood Cancer Internacional (CCI), lamentam a falta de investimento na investigação para tratamentos na área da oncologia pediátrica.

A carta, a que agência “Lusa” teve acesso, surge na sequência das conclusões de um relatório que a Comissão Europeia entregou em outubro no Parlamento Europeu e no Conselho da Europa sobre os progressos realizados nos medicamentos para crianças desde que o regulamento pediátrico entrou em vigor há 10 anos.

Segundo o estudo, o regulamento pediátrico de medicamentos conduziu à autorização de 260 novos fármacos e promoveu a investigação, mas os tratamentos para o cancro nas crianças ainda só representa sete por cento da pesquisa nesta área.

«Os progressos feitos no tratamento da doença são invocados, frequentemente, para confortar os pais quando uma criança é diagnosticada com cancro», o «escândalo é que, na Europa, a cura para o cancro avança, exceto para as crianças», afirmam as organizações.

Na missiva, a CCI lembra as declarações de Vytenis Andriukaitis, após a publicação, pela Comissão Europeia, da revisão decenal do regulamento, em que afirma: «tenho uma grande preocupação pelo facto de o desenvolvimento dos medicamentos contra o cancro infantil não ter sido tão efetivo como os do cancro em adultos».

Para as organizações, esta situação é inadmissível: «não podemos aceitar que as indústrias sejam autorizadas a evitar o desenvolvimento de um medicamento que possa beneficiar alguns cancros pediátricos, devido às semelhanças biológicas com o cancro nos adultos».

Dizem ter conhecimento de «muitos exemplos de oportunidades perdidas» para os seus filhos nos últimos 10 anos, lembrando que o cancro pediátrico é um problema de saúde pública e a primeira causa de morte por doença em crianças na Europa.

Os testes obrigatórios para medicamentos, com base num perfil molecular partilhado do tumor entre adultos e crianças, já se praticam nos Estados Unidos, com a RACE for Children Act, votada este verão pelo Congresso, por que não podemos fazer o mesmo na Europa, questionam, frisando que «nenhum acesso à inovação significa nenhuma esperança».

As organizações dizem ainda estar dececionadas pelo facto de o relatório não propor ações imediatas e alertam que, se nada for feito hoje, «as crianças continuarão a morrer».

Para melhorar o regulamento, convidam o comissário a «definir, o mais rapidamente possível, um plano de trabalho exequível».