Autoridades convictas de que eliminaram as fontes de contaminação 12 de novembro de 2014 O secretário de Estado da Saúde afirmou hoje que as autoridades estão convictas de que eliminaram todas as fontes de contaminação por legionella em Vila Franca de Xira e que o assunto «está resolvido». «Tanto quanto podemos afirmar, estamos convictos de que eliminámos as fontes que estavam necessariamente ativas para gerar este surto», afirmou Fernando Leal da Costa à agência “Lusa”, no intervalo de uma conferência sobre combate à dependência de álcool e drogas nos países de língua portuguesa que decorre em Lisboa. Quando questionado especificamente sobre a origem do surto, o governante disse apenas que «há um conjunto de investigações que estão a ser feitas», não apontando nenhum local concreto. A identificação da fonte «é importante para não se voltar a repetir, mas o mais importante para o Ministério da Saúde era tratar as pessoas imediatamente, mesmo sem saber de onde era a fonte, atuando em todas as fontes possíveis». O governante garantiu que as autoridades agiram segundo as boas práticas internacionais e salientou «as medidas que foram tomadas, independentemente da identificação da fonte, de termos atuado para melhorar, se é que era preciso, as condições de cloragem da água e de ter imediamente procedido à desinfestação de todas as torres de refrigeração». A estratégia das autoridades, assim, foi agir em todas as frentes: «Tomámos as medidas de largo espectro que iriam prevenir a emissão de legionella a partir de todas as fontes», disse Leal da Costa à “Lusa”. Para o futuro próximo, o secretário de Estado espera «assistir à diminuição progressiva de novos casos», sublinhando: «brevemente esperamos começar a ter altas dos doentes internados e que a situação regresse à normalidade». Surto de legionella já provocou sete mortos O surto de legionella que desde sexta-feira atinge a zona de Vila Franca de Xira provocou até ao momento sete mortos, segundo fonte oficial. Fonte do gabinete do ministro da Saúde disse à “Lusa” que as duas últimas vítimas mortais estavam internadas nos hospitais de Vila Franca de Xira e Pulido Valente, em Lisboa. Num balanço realizado no final do dia de terça-feira, a Direção Geral da Saúde (DGS) apontava para 278 doentes infetados com legionella e cinco vítimas mortais. A legionella, bactéria que provoca pneumonias graves e pode ser mortal, foi detetada na sexta-feira no concelho de Vila Franca de Xira. Todos os casos, de acordo com a DGS, «têm ligação epidemiológica ao surto que decorre em Vila Franca de Xira». Trabalhadores da empresa Adubos de Portugal exigem garantias de segurança As estruturas representativas dos trabalhadores da empresa Adubos de Portugal, em Vila Franca de Xira, vão reunir-se hoje à tarde com a administração para exigir garantias de que estão a trabalhar em segurança, avançou a “Lusa”. A reunião entre as estruturas sindicais e a administração da empresa estava inicialmente marcada para as 12:00, mas foi adiada para as 15:00, disse aos jornalistas Rogério Silva, da Federação dos Sindicatos da Indústria Química. «Vamos pedir explicações à administração e perceber se estão a ser garantidas as condições de segurança e de saúde, nomeadamente se colocou em marcha o plano de vigilância», adiantou. O sindicalista referiu ainda que o ambiente vivido na empresa, que está a ser alvo de uma ação inspetiva extraordinária ordenada pelo ministro do Ambiente, é de muita preocupação e expetativa. «Os trabalhadores estão preocupados, sabendo que há colegas e população nas redondezas afetadas pelo problema», afirmou. Segundo o sindicalista, pelo menos seis trabalhadores da empresa foram infetados com a bactéria. Na terça-feira, o ministro do Ambiente anunciou uma ação inspetiva extraordinária à empresa Adubos de Portugal para averiguar um eventual crime ambiental. Junta de Freguesia de Vialonga vai dar apoio jurídico às famílias O presidente da junta de freguesia de Vialonga, uma das mais afetadas pelo surto de legionella, revelou hoje que a autarquia irá apoiar, através do gabinete jurídico, todas as famílias que queiram recorrer à justiça. «Quando surgir algo mais concreto vamos reunir as pessoas e, através do nosso gabinete, iremos prestar todo o apoio jurídico a quem decidir mover alguma ação judicial. Como sabemos, existem famílias que não têm uma situação económica que lhes permita fazê-lo pelos seus próprios meios», afirmou à agência “Lusa” o presidente da junta de freguesia de Vialonga, José Gomes. O autarca referiu ainda que a junta de freguesia está a disponibilizar apoio e acompanhamento a todas as famílias. Por seu turno, também em declarações à “Lusa”, um amigo da primeira vítima mortal do surto de legionella, um antigo bombeiro da corporação de Vialonga, de 59 anos, adiantou que os familiares não ponderam, para já, agir judicialmente. «Eu falei com o genro e, para já, não é prioridade deles ir para os tribunais», disse à agência “Lusa”, Luís Rodrigues. A “Lusa” contactou igualmente o presidente da União de freguesias da Póvoa de Santa Iria e do Forte da Casa, outra das localidades afetadas pelo surto, mas o autarca referiu que, até ao momento, ainda não tinha recebido qualquer solicitação ou pedido de ajuda. |