Segundo comunicado feito pelo Observatório Português de Canábis Medicinal (OPCM), a bactéria E. coli foi detetada num suplemento alimentar à venda nas farmácias como produto à base de canábis com propriedades terapêuticas.
No âmbito de um protocolo assinado com a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, o OPCM mandou analisar o óleo que está no interior das cápsulas do suplemento alimentar “Cannabis” e nessa análise de controlo microbiológico, o Laboratório de Controlo Microbiológico da Faculdade de Farmácia afirma que foi detetada a presença da Escherichia coli (E. coli), uma bactéria que pode causar infeções intestinais e urinárias. Além da E. coli foi detetada também uma bactéria cutânea.
O OPCM indica que “este produto está à venda nas farmácias como um produto à base de canábis e com propriedades terapêuticas” e não entende como o produto foi autorizado como suplemento alimentar pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).
Para a presidente do Observatório, Carla Dias, “trata-se de publicidade enganosa: as pessoas estão a pagar 40 euros por cápsulas que dizem ter canabidiol, não tendo. Isso é muito grave. Nós já denunciámos ao Infarmed, à ASAE, à DGAV e ninguém nos ouve”.
Carla Dias indicou que estes produtos estão a ser comercializados numa altura em que os consumidores deixaram de ter acesso aos produtos à base de óleos de canabidiol, pois estes foram retirados do mercado devido à nova lei da canábis medicinal, são medicamentosque passaram a necessitar de uma autorização de colocação no mercado pela Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed).
“Algumas empresas estão a aproveitar-se [desta situação] e estão a vender gato por lebre. Não é canábis, não tem propriedades terapêuticas e é vendido como tal nas farmácias e em ervanárias”, afirmou Carla Dias, à Lusa.
A presidente do OPMC avançou que no âmbito do protocolo com a Faculdade de Farmácia e com outras entidades, vão mandar analisar os óleos mais utilizados pelos utentes e pacientes portugueses em termos microbiológicos, assim como analisar o perfil dos canabinóides, para perceber se tem CBD e tetrahidrocanabinol, que a marca afirma que contém, e toxicidade do produto (contaminantes, pesticidas).
No final, o Observatório vai publicar um relatório final com a avaliação de todos os produtos para as pessoas que compram os produtos pela internet tenham alguma segurança nos produtos que estão a adquirir.