Balanço 2024 / Perspetivas 2025: Comissão Instaladora da APFR 138

A Comissão Instaladora da Associação Portuguesa de Farmacêuticos Residentes (APFR) faz, ao NETFARMA, um balanço do ano que terminou e revela as perspetivas para 2025.

 

2024

Principais Desafios Enfrentados pelos Residentes 

  • “Falta de Respostas às Questões Pendentes desde 2020: A Residência Farmacêutica em Portugal, apesar de ser o segundo ano de implementação, ainda enfrenta muitos problemas estruturais e de regulamentação, como a falta de regulamentação definitiva do Decreto-Lei nº 6/2020. Isso gera incertezas para os residentes, que não vêem o processo de formação como totalmente estruturado e seguro. A falta de clareza nas normas e na integração da residência na carreira farmacêutica pode comprometer o seu sucesso a longo prazo.
  • Dificuldades nos Estágios Externos: A impossibilidade de realizar estágios externos ao local de colocação, um requisito essencial para completar a formação, é um obstáculo significativo. Esta limitação prejudica a formação prática e o desenvolvimento completo dos residentes, que necessitam de experiências diversas em diferentes contextos de cuidado e especializações para cumprir o programa formativo oficial.
  • Desvalorização da Residência Farmacêutica: A falta de atratividade do programa, refletida na existência de vagas por preencher e na abertura de um concurso excecional para ocupar vagas, sem base legal adequada, mostra a falta de um enquadramento jurídico claro e um reconhecimento adequado da importância da residência. Isso, combinado com a remuneração inferior ao de farmacêuticos generalistas e a ausência de integração automática na carreira farmacêutica, leva a um crescente desinteresse pelo programa e ao abandono por alguns residentes que não conseguem uma vida digna.
  • Desvalorização Profissional e Baixa Remuneração: A questão da remuneração dos farmacêuticos continua a ser uma das maiores críticas. Apesar do aumento do valor de algumas categorias profissionais e revisão de carreiras em 2024, os farmacêuticos continuam a ser discriminados e essa desvalorização profissional, associada às condições de trabalho desadequadas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), tem levado às escusas de responsabilidade por parte de farmacêuticos em diversas unidades de saúde e à emigração e saída de farmacêuticos altamente qualificados para o setor privado ou indústria. Este êxodo contribui para a já grave escassez de profissionais qualificados no SNS, afetando diretamente a qualidade dos cuidados prestados à população.”

 

2025

Oportunidades

  • “Disponibilidade de Medicamentos: As dificuldades na cadeia de fornecimento de medicamentos continuam a ser um problema global, com atrasos na produção e na distribuição, escassez de matérias-primas e problemas logísticos afetando a disponibilidade de medicamentos essenciais. Estas dificuldades impactam diretamente os farmacêuticos na sua prática diária, tornando mais difícil garantir o acesso a medicamentos adequados.
  • Medicamentos Biológicos e Biossimilares: A crescente disponibilidade de medicamentos biológicos, especialmente para o tratamento de doenças oncológicas, raras e autoimunes, bem como o aumento do uso de medicamentos biossimilares, exigem um acompanhamento mais especializado e protocolos clínicos rigorosos. A complexidade do processo de avaliação de custo-efetividade desses medicamentos demanda maior regulamentação e um trabalho conjunto para controlar os custos no SNS e melhorar a gestão dos recursos.
  • Transformação Digital: A digitalização do sistema de saúde e da prática farmacêutica deve tornar-se uma prioridade, especialmente para gerir terapêuticas, promover a segurança dos pacientes e otimizar os serviços de saúde.
  • Tecnologias avançadas: a incorporação de tecnologias avançadas, o uso de biomarcadores e a genómica terão um papel crescente na forma como os farmacêuticos prestam cuidados, oferecendo um grande potencial para melhorar a precisão dos tratamentos e permitir terapêuticas mais personalizadas. “

 

Expectativas

“Em 2025, espera-se:

  • que o papel do farmacêutico residente seja reconhecido e incorporado integralmente na equipa de saúde;
  • o processo de regulamentação da Residência Farmacêutica seja finalmente concretizado;
  • aumento da atractividade da Residência, sendo essencial que se melhorem as condições financeiras dos residentes, especialmente em termos de remuneração;
  • a integração da Residência na Carreira Farmacêutica, com uma progressão profissional e estabilidade laboral que será um passo fundamental para garantir que o programa de residência tenha um impacto duradouro e positivo no sistema de saúde.

A valorização do farmacêutico residente será crucial para atrair e reter mais profissionais qualificados e garantir a qualidade dos cuidados prestados.”