Ema Paulino, presidente da Associação Nacional das Farmácia (ANF), faz, ao NETFARMA, um balanço do ano que terminou e revela as perspetivas para 2025.
2004
“2024 foi mais um ano de consolidação da integração das farmácias nas políticas de Saúde Pública para um SNS mais justo e inclusivo, com respostas de proximidade. As farmácias consolidaram a sua intervenção como pilares na promoção da saúde e parceiros estratégicos para melhorar o acesso aos cuidados de saúde, em linha com tendências internacionais.
A participação das farmácias comunitárias na campanha de vacinação sazonal do SNS, pelo segundo ano consecutivo, é disso exemplo, contribuindo para melhorar a eficiência em todo o processo, reduzir custos para as pessoas e para o sistema de saúde, com índices de satisfação elevados, e a manter bons resultados nas taxas de adesão à vacinação, perante o cenário crescente de hesitação vacinal a nível global.
Do acompanhamento farmacêutico às pessoas com doenças crónicas, através da renovação da terapêutica, à dispensa de medicação hospitalar em proximidade, considerada pelo primeiro-ministro como uma medida prioritária para 2025, são cada vez mais os serviços prestados nas farmácias em integração e complementaridade com os demais prestadores de saúde.”
2025
“2025 será um ano de inovação e de aprofundamento de iniciativas.
Perspetivamos o desenvolvimento e a contratualização de novos serviços alicerçados nas farmácias e planeamos melhorar as medidas já iniciadas, até que consigamos a plena concretização do seu potencial. Ao nível da renovação da terapêutica crónica nas farmácias, por exemplo, queremos criar condições para que o farmacêutico possa acompanhar a pessoa no que se refere à efetividade e segurança das terapêuticas, e introduzir as suas intervenções no Registo de Saúde Eletrónico, para visualização pela equipa de saúde. Na vacinação, consolidámos a nossa participação nas campanhas sazonais do SNS e estamos a trabalhar na integração das farmácias na vacinação do adulto, no âmbito do Plano Nacional de Vacinação.
Entre os vários projetos que gostaríamos de ver concretizados estão a integração das farmácias em programas de rastreio nacionais, visando a deteção precoce e o acompanhamento de condições de saúde relevantes para a população, nomeadamente do cancro colorretal; e o envolvimento das farmácias na estratégia nacional para o rastreio e diagnóstico precoce de hepatites virais (VHB e VHC) e VIH, permitindo aos cidadãos realizar testes rápidos nas farmácias comunitárias, nas mesmas condições que nas restantes estruturas de saúde, sem custos para o utente.
Entre as prioridades estratégicas para o setor está ainda o desenvolvimento de protocolos de intervenção farmacêutica em situações clínicas ligeiras, a desenvolver em conjunto com as Ordens dos Médicos e dos Farmacêuticos, e a definição do canal de referenciação em situações não passíveis de resolução na farmácia, que ajudem a aliviar a pressão sobre as urgências e os cuidados de saúde primários.
Em 2025 daremos continuidade à estratégia de atração e retenção de talento de forma a garantir a qualificação das equipas farmacêuticas e a promover a atratividade e a valorização da profissão em farmácia comunitária.
Paralelamente, nos próximos anos, as farmácias comunitárias reafirmarão seu papel na transformação digital, com a adoção de novas tecnologias, incluindo inteligência artificial, sempre com foco no serviço às pessoas.
Todas estas iniciativas têm de ser desenvolvidas num contexto de sustentabilidade económica da farmácia, pelo que é necessário assegurar a devida evolução do sistema de remuneração das farmácias, particularmente no que se refere à sua atividade central no acesso a medicamentos e produtos de saúde, otimizando o investimento do SNS nestas tecnologias.
2025 será também um ano especial para a Associação Nacional das Farmácias, que celebra 50 anos de história. Esta data será marcada por iniciativas que refletem meio século de transformação na saúde em Portugal. Todos estão convidados a acompanhar as comemorações no portal dedicado em 50anos.anf.pt.”
