A bastonária da Ordem dos Farmacêuticos (OF), Ana Paula Martins, denunciou a existência de 1.835 farmácias com prejuízo (63% da rede) e que o setor da distribuição tem centenas de milhões de euros em créditos das farmácias.
Ana Paula Martins, que falava na sessão comemorativa do Dia do Farmacêutico, em Coimbra, sublinhou que este é um setor que «gera riqueza e que é determinante para que a rede de farmácias não colapse».
«Esta é a realidade que tentamos inverter e que, com este Governo, temos procurado manter numa agenda justa, comportável e que continue a contribuir para os próximos 40 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS)», referiu a bastonária.
Ana Paula Martins observou que o serviço público que os farmacêuticos prestam aos portugueses «24 sobre 24 horas, 365 dias por ano, não é hoje economicamente viável» e que, «por isso, a cadeia de valor do medicamento tem riscos».
«E estamos todos conscientes de que temos de concretizar uma agenda para os ultrapassar, uma nova ambição para os próximos 40 anos, em que os farmacêuticos continuem a garantir um SNS que evoluiu para um Sistema Nacional de Saúde, que tem de ser económica e socialmente sustentável», defendeu.
De acordo com a agência “Lusa”, a bastonária alegou que foi sempre essa a ambição do setor, com uma carreira farmacêutica nos hospitais e nas análises clínicas do SNS.
«Passado um ano da sua publicação e sete meses de ter expirado o prazo da sua regulamentação, 70% dos farmacêuticos não podem ser integrados na sua carreira porque os diplomas legais necessários não foram publicados. Sete meses depois, mesmo quando o sindicato, no maior ato de boa-fé, cancelou uma greve porque acreditou no Governo», argumentou.
A bastonária criticou o facto de o diploma para a criação do internato farmacêutico não ter sido ainda acordado, nem está em vias de publicação e que se abrem concursos públicos para contratar 35 farmacêuticos, dos 150 que fazem falta no SNS, para técnicos superiores, «fora da carreira que já está criada».
«Mas temos singularidades que nos envergonham como país que mais ninguém tem. Os descontos nos medicamentos prescritos pelos médicos e comparticipados pelo Estado português. E, como se não bastasse, os anúncios bem visíveis a esses descontos, que nos afastam da imagem de um espaço de saúde e nos transformam numa superfície comercial. A lei permite. E, infelizmente, há de entre nós quem o faça», criticou novamente.
Ana Paula Martins defendeu que, no imediato, as tarefas relevantes são «rever a Lei de Bases da Saúde, que estava longe de ser uma prioridade», mas «esta iniciativa criou uma oportunidade de debate coletivo, organizado, muito importante para que o SNS se redefina numa nova ambição».